domingo, 25 de janeiro de 2015

nostalgia setentista

Mr. Majestyk
Há cerca de 40 anos, Charles Bronson se envolvia num perigoso jogo de perseguição


  Em julho de 1974 estreava nos cinemas norte-americanos Mr. Majestyk, um filme de produção simples e até modesta, mas que revelou-se um dos melhores de Charles Bronson, embora seja pouco conhecido na filmografia do lendário ator, e por sinal estreou no mesmo ano do grande sucesso Desejo de matar (1974), o que de certo modo ofuscou Mr. Majestyk, e talvez isso explique porquê esta produção é injustamente menos lembrada. Dirigido por Richard Fleisher e escrito por Elmore Leonard, o roteiro traz Bronson como Majestyk, o personagem que dá título ao filme, um médio fazendeiro do interior dos Estados Unidos que se dedica à plantação de melancias, e procura trabalhadores para ajudá-lo na colheita que precisa ser feita com urgência.

 No ínicio da trama, o fazendeiro consegue contratar um pequeno grupo de imigrantes mexicanos que conhecera de passagem pela cidade, liderados por Nancy Chaves (Linda Cristal). Além da dificuldade em encontrar um bom contingente de pessoas que possam trabalhar em sua lavoura, Vincent Majestyk ainda tem que lidar com a arrogância de Bobby Kopas (Paul Koslo), um almofadinha da cidade metido à esperto que gosta de indicar pessoas para que o fazendeiro contrate a fim de receber uma boa comissão. Mas obviamente Vincent não precisa de tais indicações e rapidamente expulsa Kopas e os comparsas de suas terras.


  Kopas não deixa por menos e dá queixa do fazendeiro à polícia local que algum tempo depois prende Majestyk por agressão. Na cadeia, ele fica conhecendo Frank Renda, um famoso e temido mafioso que por coincidência está no mesmo presídio, mas em breve será transferido para outra cidade. Renda é interpretado por Al Letieri, ator de expressão rude que na época se especializou em interpretar vilões traiçoeiros como pode ser visto dois anos antes em Os Implacáveis (1972), sucesso de Steve McQueen.


  Aqui ele faz um vilão igualmente traiçoeiro e também cruel, pois quer a todo custo matar Majestyk, mesmo após ele o ter ajudado em uma fuga desastrosa quando os homens de Renda emboscaram o ônibus que o transportava para outra prisão. E o motivo de Renda para vingar-se é que o fazendeiro planejava entregá-lo para polícia depois da fuga.
 Após conseguir escapar das investidas de Renda, Majestyk apresentou-se à polícia a fim de resolver sua situação, e o delegado então resolveu deixar o fazendeiro cuidar de suas colheitas, mesmo sabendo que mais cedo ou mais tarde o mafioso viria procurá-lo e assim ele seria um tipo de isca. Assim, tanto o esquema do criminoso quanto o esquema da polícia estava armado, e o que vem em seguida é um jogo de intimidações de Renda para com Majestyk, o que obviamente culmina em uma mortal perseguição que não acabará nada bem para um dos lados.



  Bronson mais uma vez compõe seu personagem de forma simples e sutil, e o que surpreende em Vincent Majestyk é que ele não gosta de utilizar armas, tanto é que não utiliza nenhuma, pelo menos até o ato final da trama quando terá de confrontar os vilões de igual para igual. Vincent é um sujeito simples mas possui uma esperteza peculiar e apesar de não demonstrar gosto por armas, já lutou nas guerras do Vietnã e da Coréia, como boa parte dos norte-americanos daquele período.


  É interessante notar que a participação da bela atriz argentina Linda Cristal não se resume a uma donzela indefesa que busca a proteção do herói. Muito pelo contrário, Nancy Chaves une forças a Vincent para confrontar os algozes, tanto que nos momentos finais quando os vilões perseguem Majestyk numa auto-estrada, é justamente a moça quem dirige a caminhonete em alta velocidade percorrendo atalhos a fim de despistar os perseguidores, e o veículo chega a voar literalmente ao saltar de pequenos barrancos pelo caminho.


  O filme revela-se um ótimo thriller de ação e suspense e Vincent Majestyk um dos melhores personagens da extensa galeria que Charles Bronson compôs dentre os quais vale lembrar, o misterioso pistoleiro Harmônica de Era uma vez no oeste (1968), Chaney, o lutador de rua de Hard Times (1975), o pistoleiro Link do filme Sol Vermelho (1971) e vários outros. O diretor Richard Fleischer capricha no clima de suspense em Mr. Majestyk  e embora a ação esteja mais reservada aos momentos finais, a espera é bem recompensada quando o fazendeiro demonstra que entende não apenas de plantação de melancias, mas também sabe manejar armas de grosso calibre quando é necessário.


  E a ação perfeitamente elaborada torna o filme superior às produções atuais de um modo honesto, longe de efeitos visuais e montagens artificiais, e a direção segura de Fleischer é uma verdadeira lição de cinema para qualquer cineasta de hoje que prefere adotar o ritmo frenético de videoclipes, o que deixa a narrativa meio confusa e nada atraente, enquanto que na verdade roteiros como este exigem o mínimo necessário para funcionarem bem. Aqui no Brasil o filme foi péssimamente intitulado como Desafiando o assassino, e claro que seria melhor manter o título original que dá nome ao personagem. Comparações à parte Mr. Majestyjk é mais do que uma produção nostálgica e sim um bom filme para ser apreciado em qualquer época por todo fã de cinema que se preze. (R.A)

TRAILER




Mr. Majestyk (1974)

Direção:Richard Fleischer

Roteiro: Elmore Leonard

Elenco:Charles Bronson, Al Letieri, Linda Cristal, Paul Koslo, Lee Purcell, Taylor Lacher, Frank Maxwell, Alexandro Rey e Jordan Rhodes 


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

força bruta

COM AS PRÓPRIAS MÃOS

Há 10 anos Dwayne Johnson cumpria a lei e a ordem à seu próprio modo 


  Em 2004 Dwayne Johnson estrelava um dos primeiros filmes para alavancar sua carreira de futuro astro de ação, após os sucessos Escorpião-Rei (2002) e Bem vindo à selva (2003). Sob a direção de Kevin Bray, Walking Tall é uma modesta refilmagem de uma produção de 1973 baseado na história real do xerife Buford Pusser que numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos, entre 1964 e 1970 conseguira impor a lei a ordem ficando famoso ao utilizar um bastão de madeira com o qual batia em criminosos quando os confrontava. A história do xerife Pusser também chegou a ser explorada numa série de TV do início dos anos 80 com o mesmo título que dá nome aos citados filmes. 
  Apesar da inspiração e homenagem ao xerife Pusser, o personagem de Johnson tem o nome alterado para Chris Vaughn, um jovem militar veterano que acaba de deixar o exército para voltar a viver em sua pequena cidade natal ao lado de sua família e amigos de infância. Além de voltar a viver com seus pais, Chris quer trabalhar como marceneiro, seu antigo ofício antes de servir as forças armadas. Ao reencontrar sua família e e velhos amigos, Chris sente-se verdadeiramente de volta ao lar.

  Entretanto a paz e a calmaria que ele volta a encontrar em sua pequena cidade não vão durar muito, pois em pouco tempo ele descobre que Jay Hamilton (Neal McDonough), um dos amigos ou colega de infância, comanda negócios ilícitos em um cassino local do qual é proprietário. Ao participar de uma jogada no cassino, Chris descobre existe fraude nos jogos, arranja uma briga com os seguranças do local e é expulso e espancado quase até a morte. Felizmente Chris sobrevive e após sair do hospital, resolve entrar na justiça contra Hamilton que apesar de tentar, não consegue suborná-lo à não fazer isso.

  A partir da pequena sinopse do parágrafo àcima não é dificil deduzir que logo mais adiante haverá um jogo de perseguição entre ambos, pois Chris Vaughn fará de tudo para descobrir todas as atividades ilícitas que Hamilton comanda na cidade, sendo que após vencer causa no tribunal, candidatou-se à xerife e venceu tal eleição, o que infelizmente não é mostrado na narrativa e isso é um grave problema, mesmo para um filme de ação feito para divertir.


  Porém, tal falha não chega a prejudicar a aventura que embora seja muito curta, cerca de meros 86 minutos duração, este tempo é satisfatoriamente preenchido com muita ação que é justamente o que Dwayne Johnson se propõe a fazer, e ainda na época desse filme era mais conhecido como The Rocky, o apelido que o imortalizou nos anos 90, nos tempos de competição de luta livre. E sob a orientação de Kevin Bray, Johnson consegue desenvolver ótimas coreografias de luta  e assim demonstrar o talento que o tornou famoso nos ringues.





  E a pancadaria realmente satisfaz os fãs de uma boa briga, pois vale lembrar que o xerife da vida real, Buford Pusser, utilizava um grosso porrete de madeira para enfrentar os criminosos, algo que é muito bem mostrado na aventura, principalmente na cena em que ele invade o cassino furioso e derruba um a um todos os seguranças, além de fazer um belo estrago no local. O confronto final de Vaughn com Jay Hamilton  é também um dos pontos altos da aventura, pois os atores conseguiram fazer uma das melhores cenas de luta dos últimos tempos - afinal, o cinema de ação moderno já está muito impregnado de efeitos digitais, algo que não se vê nessa produção que por sinal cuja ação foi filmada em estilo "old school", ou seja, de modo mais bruto, como nos velhos tempos.


 Um atrativo a mais além da ótima ação são boas as tiradas de humor por conta da presença de Johnny Knoxville (JackAss) no papel de Ray Templeton um dos amigos de infância de Chris e que se torna seu assistente no combate ao crime. Walking Tall é uma expressão em inglês que traduzida literalmente significa "caminhando alto", e em português é equivalente à "andar de cabeça de erguida" - algo que define muito bem pessoas corajosas e determinadas e nessa aventura Johnson se revelou um xerife mais que eficiente pavimentando sua carreira ao estrelato em que vive agora.

TRAILER



Com as próprias mãos (Walking Tall, 2004)

Roteiro: Mort Briskin, David Klass, Channing Gibson, David Levien, Brian Koppelman  

Direção: Kevin Bray

Elenco: Dwayne Johnson, Johnny Knoxville, Neal McDonough, Ashley Scott, John Beasley, Michael Bowen


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

relatório: terra média

TRILOGIA HOBBIT

Saga comandada por Peter Jackson ganha desfecho satisfatório



  Ao estrear nos cinemas no final de 2012, o primeiro capítulo de O Hobbit já vinha cercado de expectativas por parte do público fã da saga O Senhor dos anéis, mas também ácidas críticas da legião de leitores dos livros de J. R. R. Tolkien, o que não era à toa devido à idéia maluca e muito exagerada do diretor Peter Jackson em querer transformar um único livro (O Hobbit, 1937) em uma trilogia, ao contrário de O Senhor dos anéis, cuja trilogia fora realmente adaptada de três livros. 
  No primeiro capítulo intitulado Uma Jornada Inesperada, um jovem Bilbo, habitante da vila chamada Bolsão é subitamente visitado por Gandalf, o mago cinzento, amigo dos hobbits e muito querido por todos, especialmente pelas crianças que adoram ver o espetáculo de fogos de artifício que o velho mago costuma fazer em épocas de festa. 




  Ao receber a vista do mago, o hobbit não imaginava que estava sendo preparado para uma outra visita muito inesperada que ocorreria ao final da tarde e início do anoitecer. Um grupo de anões vindos do reino devastado de Erebor, viriam bater à porta da casa de Bilbo em busca de comida e alojamento recomendados por Gandalf, mas sem que Bilbo de fato consentisse. 



  Da visita inesperada surge o convite inesperado por parte de Thorin, o líder dos anões e por linhagem seria o rei de Erebor, localizada na chamada Montanha Solitária. A princípio Bilbo recusa participar da tal jornada para ajudar os anões a recuperar seu reino perdido, mas no dia seguinte após muito pensar, ele aceita aliar-se aos guerreiros e embarcar na eletrizante aventura, na qual enfrentam muitos perigos pelo caminho, principalmente o horrendo bando de orcs liderados pelo temível Azog. E a peça principal que dera início à saga O Senhor dos anéis é belamente retratada ao mostrar o hobbit encontrando o anel mágico no interior de uma caverna, além do jogo psicológico com o perturbado Gollum, mais uma vez vivido pelo ótimo ator inglês Andy Serkis, revestido de computação gráfica.   




  O visual da saga Hobbit é tão esplendoroso quanto o que foi visto na saga dos Anéis e algumas alterações de roteiro em relação ao livro, ao menos foram bem vindas nesse primeiro filme como pode ser visto na inserção do vilão Azog (Manu Bennet), um poderoso líder orc que é apenas citado em algumas notas explicativas na obra de Tolkien. Assim como na saga dos anéis, Jackson tomou certas liberdades criativas a fim de tornar a aventura mais atrativa ao público cinéfilo.


  O longa é pontuado com ótimas atuações a começar pela escolha de Martin Freeman para viver o jovem Bilbo, e o ator vindo do recente seriado inglês Sherlock Holmes demonstra o carisma necessário para viver aquele que se tornará o herói da proposta saga. O mesmo carisma pode ser atribuído aos anões, e o ator Richard Armitage tem a imponência necessária para interpretar Thorin Escudo-de-carvalho, o líder dos anões e por direito rei de Erebor, cujos tesouros e cujo poder ele tentará resgatar junto de seus companheiros e contando com a ajuda de Bilbo e de Gandalf, mais uma vez vivido com intensidade por Ian McKellen. Também são muito bem vindas as presenças de Cate Blanchet como Galadriel e Hugo Weaving como Elrond. 


  A segunda sequencia intitulada A desolação de Smaug (2013) apresentou uma trama mais alongada de forma desnecessária apesar de bem pontuada com grandes momentos de ação como o confronto de Bilbo e dos anões contra aranhas gigantes no interior de uma floresta antes de serem capturados por elfos ou a fuga dos anões utilizando barris, auxiliados por Bilbo ao fugirem da fortaleza dos elfos. 
  A presença de Legolas, novamente interpretado por Orlando Bloom revela-se bem desnecessária talvez exceto pelo fato de que Peter Jackson tenha pensado que a platéia sentisse falta de mais um personagem da saga dos anéis para de fato fazer uma ligação definitiva entre ambas as sagas. A presença do dragão Smaug é fortemente pontuada pela voz de Benedict Cumberbatch, ótimo ator inglês que interpreta Sherlock  Holmes no seriado de Tv junto com Martin Freeman, que interpreta Watson.  





  Também pode parecer estranho a inserção de uma elfa que não existe no livro O Hobbit, até porque a sugestão de um romance entra ela e o anão Kili (Ainda Turner) não se mostra um argumento muito convincente a não ser para justificar uma nova presença feminina entre os elfos. No entanto a atriz Evangeline Lilly se mostra eficaz ao interpretar a bela elfa chamada Tauriel, que desperta paixão também em Legolas. 



  A terceira parte intitulada A Batalha dos 5 Exércitos se mostrou um capítulo até mais rápido e eficaz que os dois primeiros por ser mais curto, cerca de 144 minutos, sendo que os anteriores tem respectivamente 169 e 161 minutos. O terceiro capítulo é pontuado com a grande batalha proposta pelo título e Jackson consegue o feito de equipará-la à batalha vista em O Senhor dos Anéis - O retorno do rei (2003) embora na visão de vários críticos e principalmente dos fãs do livro de Tolkien tal feito é considerado um mero exagero comercial a fim de estabelecer a hexalogia que Jackson se propôs a fazer. Embora tenha cenas de ação grandiosas, obviamente há exageros como duas lutas que parecem intermináveis nos momentos finais do longa, mostradas de forma intercalada, Thorin vs Azog, Legolas vs Bolg. 




  Além dos excelentes efeitos visuais produzidos pela Weta Digital, empresa que por sinal pertence à Jackson desde a saga dos anéis, desta vez um grande atrativo técnico foi o processo de filmagem, pois o cineasta neo-zelândes filmou o Hobbit em nada menos que 48 quadros por segundo, ou seja, o dobro dos convencionais 24 fps que é o processo normal de qualquer filme. 
  Os 48 frames ou HFR (High Frame Rated) conferem à fotografia uma resolução muito maior que em 24 fps, tendo como resultado imagens super nítidas tornando possível visualizar mínimos detalhes do figurino e da composição da imagem como um todo, além de uma maior profundidade de campo que favorece, e muito, o 3 D. Entretanto há uma pequena desvantagem nos 48 frames nas cenas de ação que se mostram um tanto aceleradas, como se alguém estivesse avançando as cenas num controle remoto, algo estranho de se acostumar inicialmente. 
  No saldo final a trilogia Hobbit mostra-se eficaz e bem estruturada embora alongada demais e com os citados exageros, porém sem superar a saga O Senhor dos Anéis que é mais complexa e bem mais fiel aos livros de Tolkien. Os dois primeiros filmes de O Hobbit fizeram mais de US$ 1 bilhão pelo mundo todo, o que confirma o sucesso da nova adaptação feita por Jackson. Com o mais importante universo fantástico imaginado por Tolkien agora estabelecido nas telas do cinema, resta saber se outras obras do escritor serão algum dia também adaptadas para a sétima arte. É esperar pra ver. (R.A.)







TRAILERS
O Hobbit - Uma jornada inesperada



A desolação de Smaug


A Batalha dos cinco exércitos





quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

ação setentista

OS IMPLACÁVEIS - Fuga perigosa

Há pouco mais de 40 anos, Steve McQueen e Ali MacGraw realizavam uma audaciosa fuga


  Em 1972, estreava nos cinemas estadunidenses um dos melhores filmes do então astro Steve McQueen, Os Implacáveis - Fuga perigosa (The Getaway, 1972), escrito por Walter Hill e dirigido por Sam Peckinpah. Com um sólida carreira pavimentada por grandes sucessos como Sete homens e um destino (The Magnificent Seven, 1960), Fugindo do Inferno (The Great Scape, 1963) e Bullit (1968), McQueen era considerado o maior astro de ação da época e em The Getaway, finalmente o ator seria dirigido pelo cineasta Peckinpah que em pouco tempo também tornara-se uma lenda por ter dirigido Meu ódio será sua herança (The Wild Bunch, 1969), simplesmente um dos melhores westerns de todos os tempos.

Sam Peckinpah e Steve McQueen

  O roteiro baseado num livro escrito por Jim Thompson traz a história de Doc McCoy (McQueen), um famoso ladrão de bancos que cumpre uma longa pena de 10 anos numa penitenciária do Texas. Após cumprir 4 anos de prisão, ele entra com um pedido de liberdade condicional que lhe é negado, mas sua última esperança é sua esposa Carol (Ali MacGraw), que faz um acordo com Jack Beynon (Ben Johnson), um político corrupto da região que precisa de um bom ladrão profissional para roubar um banco da pequena cidade de Beacon City, que guarda uma grande quantia de dinheiro advindo de uma companhia petrolífera da qual Beynon é sócio.


  McCoy consegue sua liberdade, e junto de Carol e outros dois assistentes, Rudy (Al Lettieri) e Frank Jackson (Bo Hopkins), contratados por Beynon, assaltam o tal banco numa ação um tanto desastrosa, pois após o assalto Rudy mata Jackson e algum tempo depois tenta matar McCoy, que obviamente leva a melhor de modo que já desconfiava que Rudy trata-se de um sujeito traiçoeiro. De posse do dinheiro e após outras reviravoltas que resultam na morte de Beynon, McCoy e Carol fogem pelas estradas do Texas atravessando pequenas cidades tendo que fugir da polícia e do irmão de Beynon, que precisa vingá-lo e recuperar os 500 mil dólares que McCoy roubou.


  The Getaway é um dos melhores filmes de McQueen e seu personagem anti-herói é a prova disso - o roteiro foi adaptado de um livro escrito por Jim Thompson, famoso escritor norte-americano de histórias policiais que chegaram a se tornar best-sellers como por exemplo The Killer Inside Me (O assassino em mim), escrito nos 50 e ganhou uma adaptação para as telas em 2010. Entretanto, apesar de Thompson ter sido inicialmente contratado para adaptar seu próprio livro para as telas chegando a finalizar o roteiro, Steve McQueen não aprovou o trabalho do roteirista / escritor, o que resultou na contratação de Walter Hill para reescrever o roteiro do filme que fez uma bilheteria de aproximadamente US$ 26 milhões para um orçamento de cerca de US$ 3,3 milhões.


  E como era típico de seus filmes, essa foi mais uma oportunidade de McQueen demonstrar suas habilidades em automobilismo, pois o astro era piloto profissional e ele próprio gostava de fazer as cenas de perseguição de automóveis dispensando dubles, algo que aumentava seu prestígio junto aos fãs que além de admirarem seu talento como ator, também apreciavam suas proezas atrás do volante, e ainda consta que todas as cenas foram filmadas seguindo a exata sequência dos fatos apresentados na narrativa.

  Ali MacGraw, atriz conhecida pelo sucesso Love Story - Uma história de amor (1970) teve de aprender a atirar e também dirigir, para poder atuar em The Getaway, ou seja, ela teve de entrar em ação literalmente. Também é fato conhecido que MacGraw se apaixonou por McQueen durante as filmagens, e iniciaram um romance que perdurou, de modo que a atriz chegou a se divorciar do marido Robert Evans, produtor da Paramount Pictures. 
  Além da mudança de roteirista, McQueen também interferiu na escolha do músico que comporia a trilha sonora, e a escolha do ator foi ninguém menos que Quincy Jones, o que resultou em uma indicação ao Globo de ouro de melhor trilha sonora para a película. Enfim, não faltam motivos para apreciar The Getaway nos formatos digitais. Vale lembrar que ocorreu uma refilmagem em 1994 estrelada por Alec Baldwin e Kim Bassinger, e que no Brasil ganhou o título de A Fuga. Mas... filmes originais costumam ser insuperáveis, ainda mais quando estrelados por lendas como Steve McQueen.

TRAILER 





Os Implacáveis - Fuga Perigosa (The Getaway, 1972)

Roteiro: Walter Hill

Direção: Sam Peckinpah

Elenco: Steve McQueen, Ali MacGraw, Ben Johnson, Al Lettieri, Bo Hopkins