sábado, 28 de outubro de 2017

recarregado

JOHN WICK 2: Um Novo Dia Para Matar

Keanu Reeves prossegue com a saga do matador iniciada dois anos atrás

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  O ator Keanu Reeves realmente redefiniu sua carreira renovando seu status de astro e isto se deve à John Wick, o personagem implacável e sanguinário que ele interpretou em 2014 no filme de sucesso De Volta Ao Jogo, dirigido por Chad Stahelski e co-estrelado por participações especiais de peso como Ian McShane e Willen Dafoe. O primeiro filme apesar do roteiro fraquíssimo e um tanto raso, trouxe como destaque cenas de ação espetaculares e muito intensas protagonizadas por Reeves e comandadas com muito talento por Stahelski, algo que deu novo fôlego ao gênero de ação que pelo gosto do público parecia estar precisando de algo mais brutal e menos explicativo.
Resultado de imagem para john wick um novo dia para matar   Roteirizado por Derek Kolstad, este novo capítulo de John Wick agora sim traz uma trama muito melhor que o primeiro filme com personagens muito bem desenvolvidos, tanto que a primeira hora o filme dedica-se bem mais à narrativa trazendo um ritmo um tanto pausado com apresentação de novos personagens como Santino D'Antonio (Riccardo Scarmacio), sujeito que convoca o matador para um último trabalho sujo, apesar de Wick lhe explicar que já abandonou esse ofício e não querer mais saber de matança. Entretanto, D'Antonio convence Wick forçadamente a voltar ao trabalho, pois explode sua casa após a recusa - a ira de John é novamente despertada e obviamente ele voltará ao trabalho.
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John e Wick e seu novo cão de estimação. 

  Esta trama traz uma melhor compreensão do universo dos matadores que trabalham sob a supervisão do hotel Continental, que na verdade é uma organização secreta de assassinos comandada por Winston (Ian McShane) conforme já havia sido mostrado no primeiro filme - entretanto aqui as regras tornam-se mais claras quando Winston explica a John Wick que ele não pode recusar um serviço solicitado já que ele havia firmado um contrato com o D'Antonio tempos atrás e tal tipo de compromisso, mesmo que seja o último, no Continental não pode ser recusado e nem transferido, pois a organização assim determina.

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O filme tem belíssimas locações na Itália
   No aspecto de ação ambos os filmes se destacam muito bem já que Chad Stahelski demonstra maestria que hoje em dia poucos cineastas tem, pois o diretor não utiliza em momento algum o recurso de câmera tremida, algo que irrita a maioria dos fãs de filmes de ação. Stahelski mantém a câmera fixa permitindo que vejamos e entendamos claramente o que ocorre numa cena de luta ou cenas de tiroteio e não é apenas isso. Seus planos extendidos de câmera e as coreografias perfeitamente elaboradas fazem com que a ação flua de modo espetacular, o que demonstra que o diretor tem mesmo um estilo old school, algo que o cinema infelizmente deixou de lado dos anos 2000 pra cá. Nota-se que Keanu Reeves treinou intensamente para este filme tendo aulas de tiro e de artes marciais -  a prova disso são alguns vídeos que circulam pela internet mostrando a dedicação extrema do ator para o papel.

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  Sem dúvida nestes últimos anos John Wick é o personagem que realmente reacendeu a carreira de Reeves renovando seu status de astro já que o ator não vinha se destacando muito embora tenha feito bons filmes como 47 Ronins e O Homem do Tai Chi. Embora seja um personagem muito físico, John Wick é de fato o que os fãs do ator realmente queriam: um matador implacável. Embora o cinema esteja repleto de matadores implacáveis, Wick chega a ter um diferencial justamente pela dedicação extrema de Reeves para dar veracidade ao matador e pelo que se pode notar, o ator realmente faz todas as cenas de ação sem utilizar dublês, o que deve lhe dar um bom desgaste físico já que ele encarna Wick com muita propriedade. Inclusive a pouca expressividade de Reeves neste papel o faz parecer uma versão moderna do mito Charles Bronson, que também se destacou diversas vezes por interpretar matadores. 


   Exibido em fevereiro nos cinemas John Wick 2 foi um grande sucesso de bilheteria deste ano tendo feito mais de 90 milhões de dólares nos cinemas norte-americanos para um orçamento de apenas 40 milhões, ou seja, bem mais do que o filme anterior que custou 20 milhões e fez pouco mais de 40 milhões nas bilheterias. John Wick além de matar, veio mesmo para ficar e conquistar novas legiões de fãs de ação e figurar na galeria dos grandes matadores da história do cinema. (R.A.)

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John Wick: Um Novo Dia Para Matar (John Wick: Chapter 2, 2017)

Roteiro: Derek Kolstad

Direção: Chad Stahelski

Elenco: Keanu Reeves, Ian McShane, Riccardo Scarmacio, Common, Lawrence Fishburne, Claudia Gerini, Ruby Rose


domingo, 22 de outubro de 2017

lenda recontada

REI ARTHUR: A LENDA DA ESPADA

Lenda de Arthur ganha nova roupagem pela visão do cineasta Guy Ritchie

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  O mito do rei Arthur já rendeu boas produções ao longo da história do cinema de modo a alimentar o imaginário popular em torno deste emblemático personagem cuja veracidade é uma incógnita para a história científica, pois não há vestígios consistentes que possam atestar de modo seguro sua existência. Assim restam apenas os vestígios do mito que ajudam a compor as lendas arturianas sobre um heróico rei que entre os séculos V e VI defendeu a Grã-Bretanha contra os invasores saxões. O diretor Guy Ritchie com grande inspiração resolveu recontar tal lenda imprimindo nela seu estilo urbano que o consagrou em filmes como Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e as duas recentes aventuras de Sherlock Holmes com Robert Downey Jr. 
  Pode parecer estranho o uso da palavra "urbano" em um contexto medieval, mas em se tratando de Ritchie este conceito torna-se bastante crível já que o diretor consegue adaptar seu estilo para narrar esta nova versão do lendário rei da mesma forma que o fez em filmes anteriores de modo que fica estabelecido uma ligação entre todos os filmes que assim compõem o estilo narrativo do cineasta. É interessante notar por exemplo em Rei Arthur personagens construídos com base em tipos contemporâneos e até mesmo o modo como os personagens interagem tornando o ritmo da narrativa até mais ágil e envolvente. 


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  Escrito por Joby Harold, Lionel Wigram, David Dobkin e o próprio Ritchie, o filme procura explorar as origens do reinado do qual o jovem Art, órfão que foi criado em um bordel e nem faz idéia que é o herdeiro legítimo do trono real, o qual foi tomado pelo traiçoeiro príncipe Vortigen (Jude Law), que utilizando-se de feitiçaria mata seu irmão, o rei Uther para assumir o comando da Inglaterra a fim de satisfazer sua sede de poder absoluto. 


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   O britânico Charlie Hunnam, astro da série Sons of Anarchy e do filme Círculo de Fogo foi a escolha certa para interpretar Arthur, que compõe o personagem como um rebelde que precisa buscar suas origens após ser o único dentre vários homens a conseguir retirar a espada mágica excalibur de uma pedra, ou seja terá de lidar com seu destino e aprender a tornar-se rei para comandar a Grã-Bretanha se conseguir retirar do trono seu tio, o cruel Vortigen interpretado por Jude Law. 




  A trilha sonora hipnotizante ao som de guitarra e tambores e a fotografia de cores frias e aspecto empoeirado completam o tom da narrativa com um ritmo intenso que uma aventura épica merece. Contudo, o roteiro toma certas liberdades em relação à lenda original do rei Arthur deixando de lado alguns personagens importantes como mago Merlin, Lancelot e Guinevere, que não aparecem nesta história embora Merlin seja apenas citado. Tanto quanto nos filmes de Sherlock Holmes, Guy Ritchie demonstra seu insuspeitável talento para comandar cenas de ação de modo detalhado valorizando as coreografias de combate. A lenda de Arthur enfim foi recriada de modo digno e respeitoso passando pelos cinemas em maio deste anoe agora encontra-se disponível em dvd e blu-ray. Só nos resta aguardar que sua saga prossiga nas telas do cinema. (R.A.)

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Rei Arthur: A lenda da Espada (King Arthur: Legend of the Sword, 2017)

Direção: Guy Ritchie

Roteiro: Joby Harold, Lionel Wigram, David Dobkin e Guy Ritchie

Elenco: Charlie Hunnam, Eric Bana, Jude Law, Djimon Hounsou, Tom Wu, Astrid Bergès-Frisbey


segunda-feira, 9 de outubro de 2017

primeiro spaghetti

POR UM PUNHADO DE DÓLARES

Há pouco mais de 50 anos Clint Eastwood estrelava o primeiro western clássico de sua carreira

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  Em 1964 estreava nos cinemas italianos e logo em seguida em todo o mundo Por Um Punhado de Dólares (Per Un Pugno di Dollari) sob a direção do ainda desconhecido Sergio Leone, diretor que só tinha no currículo um filme, o épico italiano O Colosso de Rodes (1961). O filme a princípio parecia ser mais do mesmo e não causava grandes expectativas já que trazia um ator norte-americano nada conhecido na Europa e com um sobrenome difícil de pronunciar. Entretanto, a película fez um estrondoso sucesso, o que colocou em destaque rapidamente o nome do diretor Leone e de seu ator, Clint Eastwood, subitamente tornando-se astro do cinema italiano. 
  Entretanto, o surpreendente sucesso do filme trouxe também surpresas inesperadas e não tão agradáveis. O roteiro escrito por Leone em parceria com outros quatro roteiristas, Adriano Bolzoni, Mark Lowell, Víctor Andrés Catena e Jaime Comas Gil era na verdade não uma história totalmente original, mas sim um plágio do roteiro de Yojimbo, filme japonês de grande sucesso em 1961 dirigido e roteirizado por Akira Kurosawa. O épico japonês trazia uma história sobre um samurai recém chegado em uma pequena aldeia feudal controlada por dois grandes empresários rivais - o samurai conquista a confiança de ambos os empresários, pois cada um sem saber o contrata como guarda-costas e num plano meticuloso, ele consegue instigar uma guerra entre os dois grupos rivais fazendo com que um destrua o outro.

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Clint era apenas conhecido nos EUA por meio de um seriado de tv
da rede CBS chamado Rawhide que passou entre 1959 e 1966








  A mesma lógica de Yojimbo ocorre de modo exato no filme de Leone, pois o pistoleiro sem nome interpretado por Eastwood também consegue emprego em duas quadrilhas rivais e joga uma contra outra de modo que ocorre uma verdadeira guerra na pequena cidade de San Miguel que é controlada pelos  dois empresários que comandam as respectivas quadrilhas - e é interessante notar que a mesma lógica serviu de base para o roteiro de Django (1966), grande sucesso estrelado por Franco Nero e dirigido por Sergio Corbucci.

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O grande ator Gian Maria Volonté interpreta Ramon Rójo,
o vilão da trama
  Com o grande sucesso, rapidamente o filme ficou conhecido mundialmente e Kurosawa sabendo que seu roteiro fora adaptado por Leone sem nenhuma autorização, moveu um processo na justiça e conseguiu receber uma indenização de 100 mil dólares e mais 15% da arrecadação do filme na Ásia. Conta-se que Kurosawa escreveu a Leone dizendo "é um ótimo filme, mas é o meu filme"; e depois de algum tempo o cineasta japonês chegou a reconhecer a obra de Leone como um remake digno de Yojimbo. Embora Por Um Punhado de Dólares seja considerado o primeiro spaghetti western, o cinema italiano já havia produzido cerca de 25 filmes do gênero, mas nenhum obteve o mesmo sucesso internacional do filme de Leone.

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No filme a voz de Clint é dublada pelo ator italiano Enrico Maria Salerno
já que originalmente a película é falada no idioma italiano








  Conta-se que inicialmente o título do filme seria The Magnificent Stranger (O Estranho Magnífico) e três dias antes da estréia felizmente Leone resolveu mudar para Um Punhado de Dólares, um nome bem mais chamativo e soa mais original já que a trama gira basicamente em torno de muito dinheiro que o estranho pistoleiro consegue extorquir de ambas as quadrilhas. A empolgante trama é embalada pela excelente trilha composta por Enio Morricone, ou seja, aqui começava a lendária parceria entre Leone e Morricone, algo que se tornou tradição no spaghetti western.


  Para compor seu icônico personagem, Eastwood comprou um par de calças jeans pretas em Hollywood Boulevard e trouxe um chapéu simples de Santa Mônica - os cigarros que utiliza no filme ele os cortou em três partes para ficarem menores e curiosamente o ator não é fumante. O belo poncho que o pistoleiro veste no filme era de Clint, o qual ele decidiu vestir no personagem dando-lhe um ar mais misterioso. O estrondoso sucesso do filme rendeu uma sequência em 1965 intitulada Por Uns Dólares a Mais (Per Qualche Dollaro in Píu) também de grande sucesso; em 1966 a obra prima Três Homens em Conflito  apesar de não ser uma sequência dos dois anteriores completava chamada a trilogia dos dólares -  e a carreira de Eastwood ganharia impulso definitivo na America do Norte. E assim o gênero western ganhava um definitivo divisor de águas pelas mãos do inesquecível mestre Leone. (R.A.)


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Por Um Punhado de Dólares (Por Un Pugno di Dóllari, 1964)

Roteiro: Mark Lowell, Víctor Andrés Catena e Jaime Comas Gil e Sergio Leone

Direção: Sergio Leone

Elenco: Clint Eastwood, Gian Maria Volonté, Marianne Koch, Margarita Lozano, Wolfgang Lukschy

  

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

aventura real

FEITO NA AMÉRICA

Novo filme de Tom Cruise retrata a incrível trajetória do tráfico de drogas entre a América do Sul e os Estados Unidos

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  Pela segunda vez Tom Cruise estréia nas telas do cinema este ano desta vez com o sensacional Feito na América, longa baseado na história real de Barry Seal, um piloto comercial norte-americano que se tornou responsável pelo transporte de drogas da Colômbia para os Estados Unidos e com isso faturou uma fortuna que o possibilitou realizar o tão apregoado "sonho americano". Dirigido por Doug Liman (Identidade Bourne, No Limite do Amanhã) o filme retrata com precisão eventos agora históricos da "Era Reagan" com relação a um escândalo político relacionado à América do Sul.
  Roteirizado por Gary Spinelli a trama segue a louca trajetória de Barry Seal, que logo no início do filme é contratado por um sujeito da CIA que se apresenta Schafer (Domhnall Gleeson) que lhe oferece um serviço um tanto arriscado além de ilegal: sobrevoar um país da América do Sul apenas para fazer fotografias aéreas em um determinado local - entretanto tal lugar é uma área de conflito armado e obviamente Seal aceitaria os riscos de sobrevoar tal área por uma boa grana, já que ele não costumava desperdiçar oportunidades e tinha família pra sustentar.
  Com o sucesso da arriscada "missão", logo Schafer designou Seal para outras missões arriscadas e numa delas, na Colômbia ele tem um encontro inesperado com um chefão do tráfico do tráfico de drogas, Jorge Ochoa e dentre seus parceiros de ramo, o lendário Pablo Scobar. Quem costuma assistir a série do Netflix  Narcos, obviamente já sabe o que ocorre, pois Seal será "contratado" pelos senhores do tráfico para transportar escondido em seu avião carregamento de drogas para os Estados Unidos de modo que ninguém consiga descobrir, o que obviamente funcionar na década de 80 já que ainda não havia fiscalização rigorosa com serviço de aviação ainda que fosse clandestino.

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  O que se sucede ao longo da narrativa são várias situações ora cômicas, ora quase trágicas, mas sempre num ritmo de humor conforme a proposta do roteiro. Tom Cruise entrega uma ótima interpretação ainda que o verdadeiro Barry segundo relatos não era um sujeito engraçado, mas sim bastante sério no que fazia. O diretor Doug Liman já planejara desde o início que Seal fosse interpretado por Cruise além do que o próprio diretor é que escolheu um tom cômico para a narrativa de American Made.

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  Para Liman este filme é um projeto muito pessoal porquê seu pai, Arthur Liman naquela época era um agente da cia e foi o responsável pelas investigações do caso Irã-Contras, caso político que se tornou um grande escândalo do governo Reagan e tinha relação indireta com um movimento guerrilheiro da Nicarágua cujas armas eram fornecidas pelo governo norte-americano para que pudessem lutar contra o governo Sandinista, de ideologia esquerdista - em meio a essa confusão, Seal tornou-se um agente duplo, pois o governo norte-americano utilizou seus serviços (embora o considerasse criminoso) para o fornecimento de tal armamento e isso complicou totalmente a vida de Seal.

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   Fica meio difícil saber o que não é real na trama do filme devido à tantas situações malucas e até insólitas. Conforme a narrativa dá a entender, parece que Barry chegou a documentar em vídeo vários relatos de suas empreitadas o que dá ao filme um certo tom documental mostrando-se um argumento bastante criativo para o desenvolvimento da trama. Enfim, Feito na América é sem dúvida um dos melhores filmes deste semestre e um dos melhores da atual carreira de Tom Cruise. Totalmente recomendável. (R.A.)

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Feito na América (American Made, 2017)

Direção: Doug Liman

Roteiro: Gary Spinelli

Elenco: Tom Cruise, Domhnall Gleeson, Jayma Mays, Jesse Plemons, Lola Kirke, Caleb Landry Jones, Connor Trinneer.