segunda-feira, 21 de junho de 2010

ação angelical

Legião... de guerreiros alados

  Desdobramento. Uma palavra muito recorrente hoje em dia em vários textos que fazem críticas a filmes, em especial no que diz respeito ao cinema fantástico. Ao longo das últimas décadas do século XX e da atual década inicial do século XXI, o cinema físico tem se "desdobrado" das maneiras mais imagináveis possíveis, tanto em termos de personagens, cenários, roteiro e estilos de ação diversos. Com a temida virada do milênio, que já ocorreu em meio a algumas turbulências, inquieteçãoes sociais e temores provocados por crendices religiosas, o cinema vem produzindo filmes que trabalhem com essas idéias, a fim de inovar ou renovar os gêneros de ação e aventura e conquistar o público com novos personagens.
  E assim o cinema físico mais uma vez se "desdobra" e se renova com o filme Legião, uma história apocalíptica um tanto diferente, escrita e dirigida pelo novato Scott Charles Stewart. Anjos que descem à terra para cumprir o apocalípse sob o consentimento de Deus, que já perdeu a fé na humanidade e decidiu por um fim a existência humana através de seus mensageiros alados.
  Os invasores celestiais querem cumprir avidamente uma missão: matar uma criança que está a nascer e que segundo uma profecia é a última esperança da humanidade, ou seja, um novo messias que nascerá para restaurar o equilíbrio entre os seres humanos para que estes tenham uma chance a mais para redimir-se com o Criador.
   O mais forte dos anjos, arcanjo Miguel, lendário comandante das tropas celestiais, é o único dentre todos os anjos que questiona a derradeira ordem divina. Em sua pureza de coração e apesar de sua fidelidade eterna ao Criador, ele se recusa a cumprir tal missão, que contradiz a misericórdia infinita e o amor eterno de Deus para com a humanidade. Decidido a proteger a criança e impedir o advento do apocalipse, Miguel vem à Terra, desprende-se de suas asas e decide lutar como um homem, ao lado de outras pessoas que protegerão a mulher que dará a luz a essa criança.



  Paul Bettany interpreta Miguel como um guerreiro totalmente humano, apesar de sua natureza angelical e o porte físico do ator, obviamente treinado para esse papel o torna totalmente crível dentro da proposta do filme, afinal Bettany é um ator dramático conhecido por interpretações intensas como nos filmes O Código da Vinci ou Uma Mente Brilhante, entre outros. O arcanjo Miguel então adapta-se ao nosso mundo moderno e apodera-se de um arsenal de armas para deter o avanço dos anjos rebeldes que querem destruir a humanidade que outrora Deus tanto amou.

 O cenário que ilustra o campo de batalha onde humanos e anjos lutarão, é uma lanchonete intitulada Paradise Falls (paraíso caído), um ponto de parada de viajantes localizada numa área desértica dos Estados Unidos. Paradise Falls torna-se então o palco de manifestações perturbadoras,  quando o local é súbita e gradativamente invadido por pessoas possuídas por forças estranhas que a princípio podem ser demônios, como a velhinha caquética que num aparente surto de loucura  demonstra habilidades impossiveis a qualquer ser humano realizar e proporciona momentos aterrorizantes nos vinte minutos iniciais do filme. Há também um vendedor de sorvetes de aparência bizarra que aparece na metade da película, além de outros fenômenos como uma inusitada nuvem de insetos que ataca vorazmente os heróis do filme.

  A grande surpresa, porém ocorre quando posteriormente, Miguel revela a estas pessoas que os  invasores estão possuídos por anjos, o que provoca uma certa confusão em todos, quer seja pelo ceticismo de alguns ou pela crença religiosa de outros.
 Legião é intenso em cenas de ação impactantes e um tanto violentas, pois o único meio de impedir o avanço dos possessos é matando-os, afinal eles são muitos e não há possibilidade de exorcizá-los.
  Em oposição à Miguel, está o arcanjo Gabriel, que determinado a cumprir a ordem divina parte para o ataque pessoalmente, pois os esforços dos demais anjos mostram-se em vão e a criança destinada a morrer está prestes a nascer, o que pode alterar os rumos da profecia.
  A ação de nuances sobrenaturais atinge o clímax quando anjos se confrontam. Gabriel demostra força e vigor extremos sob a atuação do ator Kevin Durand que assim como Bettany, alia seu físico atlético a uma interpretação marcante, ainda que dure poucos momentos que antecedem o confronto final. As asas metálicas do anjo são a proteção de seu corpo e não apenas mero instrumento de vôo, e são utilizadas como arma pois as plumas são afiadas como lâminas, além das armas medievais que compoem o arsenal dos guerreiros alados.


 
  Contudo, o desdobramento do filme está muito além da ação exagerada e excessiva que o filme apresenta. Legião tem uma poderosa mensagem religiosa que dá um conteúdo maior ao filme e faz o público pensar na real intenção de Deus em permitir o iminente apocalípse. A fé que é inerente aos seres humanos como o único meio de salvação, é também inerente aos seres angelicais, pois esta é mais poderosa arma de um anjo e torna-se a razão maior da película. Enfim, Legião tem potencial para tornar-se um cult-movie e apesar de não ter passado nos cinemas brasileiros, ele certamente encontrará seu público ao longo do tempo, nos formatos digitais.

Veja o trailer



Diretor(es): Scott Charles Stewart

Roteirista(s): Peter Schink, Scott Charles Stewart

Elenco: Paul Bettany, Lucas Black, Tyrese Gibson, Adrianne Palicki, Charles S. Dutton, Kevin Durand, Jon Tenney, Willa Holland, Kate Walsh, Dennis Quaid, Jeanette Miller, Cameron Harlow, Doug Jones (1), Josh Stamberg, Yancey Arias


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