AÇÃO NAS AUTO-ESTRADAS
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Ao longo da história o cinema físico tem se desdobrado de diversas maneiras e vários tipos de paisagens e cenários foram utilizados de forma engenhosa e altamente criativa na composição de diversos filmes que tiveram como destaque principal suas ambientações. A estrada ou rodovia é um cenário que desperta diferentes tipos de sentimentos ou sensações - via que leva a diversos caminhos e pode esconder perigos, mistérios ou aventuras alucinantes e explosivas. A auto-estrada é o itinerário certo para fortes emoções e os filmes "rodoviários" transitam entre o suspense e a ação conforme pode ser analisado nos parágrafos a seguir.
Seguramente vários dos melhores filmes de ação de Hollywood são ambientados em rodovias que nas mãos de roteiristas e diretores tornaram-se cenários de perseguições em alta velocidade executadas pelos mais potentes veículos e personagens bons ou totalmente maus. O primeiro cineasta que enxergou a possibilidade de filmar histórias tensas em ambientes rodoviários foi Alfred Hitchcock, que em 1942 dirigiu o filme intitulado Sabotador (Saboteur), no qual um homem injustamente acusado de ter cometido um incêndio criminoso, parte numa busca desesperada pelo verdadeiro culpado num trajeto situado entre a California e Nova Iorque.
Mas foi a partir dos anos 1970 que as rodovias tornaram-se mais explosivas ganhando percursos cada vez mais perigosos. O filme que moldou o gênero estradeiro de forma quase definitiva foi Encurralado (Duel, 1971) dirigido por um jovem e desconhecido Steven Spielberg, que criou um verdadeiro pesadelo sobre rodas protagonizado por um motorista muito assustado fugindo desesperadamente em seu carro de passeio ao ser perseguido por um monstruoso caminhão que parece querer esmagá-lo a qualquer custo e sem uma explicação aparente. Este road - movie tornou-se um clássico obrigatório, pois inicialmente foi produzido para a TV e deve ter alcançado muita audiência já que os produtores resolveram lançá-lo nos cinemas. E o sucesso foi absoluto. Porém, outra história de perseguição entre caminhão e carro de passeio só seria vista novamente décadas mais tarde, quando em 2001 surgiu o trhiller Perseguição - A estrada da morte (Joy Ride), dirigido pelo desconhecido John Dahl.
Também foi na década de setenta que surgiu um estranho subgênero batizado de "trucksploitation" com filmes de aventura e ação protagonizado por personagens caminhoneiros valentões e bons de briga que durante as viagens envolviam-se em perigosas enrrascadas. É dessa safra de produções que surgiram pérolas que fizeram grande sucesso de bilheteria e posteriormente renderam muita audiencia nas exibições da tv aberta entre as quais se destacam Agarra-me se puderes, sucesso de Burt Reinolds, Comboio (Convoy, 1978) do grande diretor Sam Peckinpah uma aventura estradeira sobre caminhoneiros ambientada nas estradas do Arizona; Comboio de Carga Pesada (Breaker! Breaker!, 1977) com um estreante Chuck Norris na pele de um caminhoneiro bom de briga numa típica aventura classe B absurda, porém divertida.
Posteriormente na década de oitenta, o subgênero de caminhoneiros brigões foi retomado no filmes Falcão, O Campeão dos campeões (Over the top, 1987), fracasso de bilheteria estrelado por Stallone e o super divertido Os Aventureiros do Bairro Proibido (Big Trouble in Little China, 1986) dirigido por John Carpenter e estrelado por Kurt Russel. Na década de noventa o trucksploitation foi retomado num filme pouco conhecido e lançado e lançado diretamente para o mercado de vídeo, Black Dog - Estrada Alucinante (Black Dog, 1998) com Patrick Swayze ao volante de um potente caminhão numa aventura classe B com muitas perseguições e explosões em rodovias estaduais.
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No final da década de setenta, um filme produzido na Austrália abrira uma rota ainda não explorada pelo "cinema rodoviário": o futuro apocaliptico. Mad Max (1979), dirigido por George Miller traz um jovem e estreante Mel Gibson como protagonista desta aventura ambientada em um futuro onde as bases da sociedade começam a perder a força e passam ser subjugadas por gangues de criminosos que invadem pequenas cidades saqueando e roubando combustível que passa a ser algo precioso, pois as reservas petrolíferas encontram-se em escassez. Após perder seu melhor amigo e ter sua família destruída por uma gangue de motoqueiros, o ex-policial Max veste suas velhas roupas de couro e a bordo de um possante carro preto Ford Falcon GT 351 XB, resolve fazer justiça ao seu próprio modo numa caçada mortal pelas estradas desertas e selvagens. O sucesso alçou Mel Gibson rapidamente ao estrelato e rendeu duas ótimas continuações: Mad Max 2 - The Road Warrior , de 1981 e Mad Max 3 - Além da Cúpula do Trovão (Mad Max Beyond Thunderdome, 1985), este último com participação especial da cantora Tina Turner.
Na década de oitenta, o thriller A Morte pede Carona (The Hicther, 1986), de Robert Harmon retomou nas telas do cinema o percurso de suspense e ação iniciado na década de setenta por Encurralado. Trazendo Hutger Hauer numa interpretação assustadora como um psicopata conhecido como John Rider vagando pelas estradas norte-americanas pedindo carona a viajantes desavisados para matá-los e roubar seus pertences - um filme extremamente tenso com grande sucesso de bilheteria e hoje considerado cult. Ganhou uma refilmagem em 2003, porém sem sucesso. O diretor Robert Harmon retomara em 2002 o tema sobre "psicopata ao volante", só que desta vez no trhiller de ambientação urbana chamado Velozes e Mortais (Highwaymen) em que um homem obcecado por justiça interpretado por Jim Caviezel, segue há anos o rastro de um motorista psicopata que se diverte matando mulheres no trânsito.
O clima de suspense de A Morte pede Carona só seria retomado no final da década de noventa num filme muito tenso chamado Breakdown - Implacável Perseguição (Breakdown, 1998) estrelado por Kurt Russel na pele de um viajante desesperado à procura de sua esposa que misteriosamente fora sequestrada ao pegar carona com um caminhoneiro para pedir socorro mecânico após o carro de seu marido ter quebrado na estrada - o resultado é uma história angustiante repleta de suspense e ótimas cenas de ação com capotagens e ferragens retorcidas em rodovias sob a direção de Jonathan Mostow.
Neste segmento de roteiros ambientados em estradas, a atual tendência dos anos 2000 é a produção de filmes em ambientes urbanos, ou seja, nas movimentadas ruas de grandes cidades ao invés de rodovias e estradas desertas. Potentes carros tunados disputando rachas nas ruas de grandes cidades estadunidenses é o que tem agradado o público atual e o grande destaque do últimos tempos é sem dúvida a franquia Velozes e Furiosos (Fast and Furious) que já conta com 5 filmes sendo 4 estrelados pelo astro Vin Diesel, todos com sucesso de bilheteria e êxito de audiência nas exibições televisivas. O sucesso da franquia estimulou a produção de vários filmes no mesmo estilo, porém sem destaques no cinema sendo lançados diretamente para o mercado de vídeo.
Uma produção de destaque nos cinemas recentemente é o alternativo Drive (2011), estrelado por Ryan Goslin e dirigido por Nicolas Refn trazendo uma narrativa semelhante ao cinema europeu além de compor uma das melhores cenas de perseguição de modo natural, sem o auxílio de efeitos digitais ou trucagens como faz a franquia Velozes e Furiosos e vários outros filmes de ação atuais. No mais, outros filmes interessantes são lançados diretamente em DVD como o ótimo Sequestro Relâmpago (Carjacked, 2011) em que uma mulher sequestrada por assaltante fugitivo é obrigada a viajar até a fronteira do México. Infelizmente a rota futura dos filmes estradeiros parece incerta nas telas do cinema, pois o público atual ainda não experimentou as emoções da maioria dos filmes àcima citados. Cabe a esse público a decisão de "viajar" por essas "estradas" que já se encontram disponíveis nos formatos digitais.
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