terça-feira, 5 de março de 2013

oscar

UMA BREVE REFLEXÃO 
SOBRE O OSCAR



Filmes com temas políticos continuam a dominar a premiação máxima de Hollywood

  O cinema estadunidense parece estar cada vez mais dominado por temas políticos, a julgar pela premiação do Oscar nos últimos tempos. Em 2010, Guerra ao Terror (The Hurt Locker, 2008) levou o premio ao retratar o dia a dia dramático de soldados norte-americanos na guerra do Iraque e apesar de não ser  essencialmente político, o filme obviamente estava ancorado com a atual política dos Estados Unidos governado por Obama. Em 2011 o filme O Discurso do Rei (The King´s Speech, 2010) arrebatou a estatueta dourada ao narrar a história do rei Albert Frederick Arthur George, o jovem monarca da Inglaterra que por problemas de gagueira e timidez tinha dificuldade de se comunicar com o público.

  Em 2012, os filmes indicados pela acadêmia de Hollywood não tinham conteúdo político; filmes essencialmente artísticos e dois dos indicados coincidentemente prestaram bela homenagem à história do cinema, A Invencão de Hugo Cabret e O Artista lideraram as indicações sendo o segundo o vencedor de melhor filme.

  Agora em 2013, o Oscar esteve rodeado de filmes com temas políticos tal como os anteriores citados no primeiro parágrafo. Desta vez, os filmes indicados exaltam o poderio político dos Estados Unidos, Lincoln, A Hora mais escura (Zero Dark Thirty) e Argo, este último dirigido por Ben Affleck e que levou a estatueta de melhor filme, contando um história real acontecida no final da década de setenta, que retrata  uma invasão de manifestantes iranianos à embaixada norte-americana em Teerã e os esforços da CIA para resgatar dezenas de reféns.

  A julgar pelo teor dos filmes indicados a Oscar, a academia parece querer agradar entusiastas políticos em detrimento da arte, pois os filmes mais artísticos tem chances reduzidas de levar o premio máximo, como pode ser conferido no resultado do Oscar 2013 e de anos anteriores. E não é à toa que Argo foi anunciado como vencedor pela Primeira Dama Michelle Obama, diretamente do salão da Casa Branca com imagem transmitida em um telão que se abriu no palco nos momentos finais da cerimonia.

  A conclusão a que se pode chegar é que o Oscar está político demais nos últimos tempos ou os estúdios de Hollywood estão fazendo média com o governo norte-americano a fim de que o restante do mundo veja os Estados Unidos com olhos mais amigáveis, pois isso pode ser compreendido pelo sentimento "anti-americano" que tomou conta do pensamento da população mundial desde o início do século XXI. E não é à toa que até mesmo no Bafta, o prêmio da acadêmia britânica de Artes da televisão e do cinema, Argo também levou a estatueta de melhor filme. Pelo visto, a política estadunidense continuará em cena por um bom tempo. 

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