MAD MAX - ESTRADA DA FÚRIA
Após 30 anos, o guerreiro da estrada ressurge nas telas do cinema para a caçada mais brutal dos últimos tempos
"O futuro pertence aos loucos", é o que diz a tagline de um dos cartazes de Mad Max - Estrada da Fúria (Mad Max - Fury Road, 2015), que estreou no dia 14 deste mês e vem alcançando números expressivos em todo o mundo e também nas bilheterias brasileiras de modo que já foi assistido por cerca de 700 mil espectadores. Ao que parece a "loucura" futurista novamente comandada por George Miller está contagiando as platéias e não é para menos, pois trata-se do retorno da franquia australiana que se tornou uma das obras mais relevantes da recente história do cinema nesses últimos 30 anos.
George Miller |
Os garotos de guerra são chamados de kamicrazys, uma óbvia referência aos kamikazes, os soldados japoneses da Segunda Guerra mundial |
Como se pode claramente notar pela breve descrição do parágrafo anterior, o futuro pós apocalíptico criado por George Miller há mais de 30 anos ressurge mais distópico do que nunca trazendo novamente gangues de saqueadores disputando gasolina e água num mundo onde já não existe mais ordem social ou sistema econômico, regimes políticos e nem mesmo religiões, já que as minorias (o que resta de população) não vêem outra saída de salvação a não ser venerar e seguir ordens de alguém que tenha poder de liderança, e aqui o líder dominante e o grande vilão é Immortan Joe, uma figura sinistra e distorcida que respira por um espécie de balão de oxigênio fixado às suas costas e usa uma armadura para proteger sua pele maltratada por bolhas e feridas, além de ostentar uma estranha máscara que parece ser feita com dentes de cavalo. O vilão é interpretado por Hugh Keays-Byrne, ator que no filme de 1979 interpretou o vilão Joe Toecutter.
Immortan Joe é venerado como um deus e pai por seus guerreiros seguidores que crêem que ele os encaminhará ao Valhalla, termo emprestado da mitologia nórdica para designar o paraíso. |
Imperator Furiosa, guerreira de confiança de Immortan Joe é designada para a missão de buscar suprimentos em locais distantes, mas Furiosa a bordo de um poderoso caminhão tanque desvia-se da rota para executar um outro plano: fugir junto com as garotas que são noivas de Joe, para um local conhecido como vale verde, na esperança de escaparem dos domínios do tirano e começarem uma nova vida longe do caos em que se encontram. Ao perceber a fuga, Joe e seus guerreiros iniciam uma brutal perseguição pelo infinito deserto a fim de punir Furiosa e resgatar suas noivas vividas pelas belas atrizes Rosie Hutington Whiteley, Riley Keough, Abbey Lee e Zoe Kravitz.
Além do retorno de Max Rockatansky, agora interpretado pelo astro em ascenção Tom Hardy, o filme surpreende ao exaltar a figura feminina de uma forma nunca mostrada na franquia original, de modo que Charlize Theron torna-se a estrela do longa ao encarnar Furiosa com uma vigorosa interpretação que o público certamente não esperava, principalmente os fãs da franquia original, o que vem gerando polêmicas a respeito do filme, inclusive com boatos que sugerem boicote. Entretanto convém observar que por mais valente que seja, Imperator Furiosa dificilmente conseguiria fugir de modo eficiente e até mesmo sobreviver sem a ajuda de Max, o que fica mais evidente ao longo da narrativa.
Concebido como um faroeste pós-apocalíptico agregando as idéias da franquia original, Estrada da Fúria é sem dúvida o melhor filme de Miller até o momento e provavelmente o melhor filme da história do cinema australiano. O infinito deserto da Namíbia (África do Sul), local onde foram gravadas todas as cenas de perseguição, enriquece grandemente a fotografia retratada por John Seale com tons alaranjados que contrastam com o marrom levantado pela poeira das perseguições.
O espetáculo das perseguições é belo e ao mesmo tempo brutal, protagonizado por dublês e atores em coreografias malabarísticas e pela grande frota de carros e caminhões sucateados e transformados em verdadeiras máquinas de guerra, graças à velha tecnologia do século XX, que é tudo o que se pode chamar de avançado neste futuro devastado. A ação belamente filmada por Miller constitui uma verdadeira lição para o cinema físico atual ao empregar longas tomadas que mostram detalhadamente tudo o que ocorre em cena com direito a várias capotagens seguidas de explosões, tudo real e sem uso (ou o mínimo) de efeitos de computação - inclusive, o CGI foi minimamente utilizado ao longo do filme para mostrar o braço mecânico de Furiosa e também a cena da tempestade de areia.
Orçado em torno de US$ 150 milhões o novo Mad Max é um espetáculo imperdível em todos os sentidos e também uma obra fílmica inovadora tanto quanto a franquia original, mais uma vez demonstrando o talento inigualável do australiano George Miller que dirigiu poucas coisas além de sua obra futurista. Assim como ocorreu com o primeiro Mad Max de 1979, torçamos para que Estrada da Fúria seja apenas o início de mais uma saga surreal, louca e bela em todos os sentidos. E sempre abençoada seja a loucura de Miller. (R.A.)
Orçado em torno de US$ 150 milhões o novo Mad Max é um espetáculo imperdível em todos os sentidos e também uma obra fílmica inovadora tanto quanto a franquia original, mais uma vez demonstrando o talento inigualável do australiano George Miller que dirigiu poucas coisas além de sua obra futurista. Assim como ocorreu com o primeiro Mad Max de 1979, torçamos para que Estrada da Fúria seja apenas o início de mais uma saga surreal, louca e bela em todos os sentidos. E sempre abençoada seja a loucura de Miller. (R.A.)
TRAILER
Roteiro: George Miller, Brendan McCarthy e Nick Lathouris
Direção: George Miller
Elenco: Tom Hardy, Charlize Theron, Hugh Keays-Byrne, Rosie Hutington Whiteley, Riley Keough, Abbey Lee e Zoe Kravitz
Nenhum comentário:
Postar um comentário