KEOMA
Há 40 anos estreava um clássico do western italiano estrelado por Franco Nero
Em 1976 estreava nos cinemas italianos um dos melhores filmes estrelados por Franco Nero: Keoma. O ator que dez anos antes interpretara Django, estava de vola em mais um personagem icônico e por sinal num western atípico, muito diferente dos westerns hollywoodianos, ou seja, um típico spaguetti western, gênero que então já estava enraizado no imaginário das platéias graças aos grandes filmes que brilharam a partir da metade da década de 1960 como Três Homens em Conflito (1966), Era Uma Vez No Oeste (1968) e outros, os quais inauguraram o gênero italiano de faroestes.
Dirigido e roteirizado por Enzo G. Castellari a trama do filme tem sua ambientação no oeste pós Guerra Civil norte-americana e é interessante notar como esse evento foi um tema muito recorrente nos westerns de um modo geral dada a importância fundamental desse período histórico que foi determinante para o desenvolvimento sócio-político dos Estados Unidos como um todo.
Keoma, um mestiço (meio índio, meio branco) e destemido pistoleiro após o final da guerra civil resolve retornar para sua cidade natal em busca de um novo norte para sua vida. O roteiro de Castellari tem uma premissa muito parecida com Django, já que no início da trama Keoma salva uma mulher chamada Lisa, aprisionada por um bando de malfeitores que pretendiam executá-la, sob alegação de que a mesma é portadora de uma peste, uma doença fatal que se abatera sobre uma cidade e outros prisioneiros também estavam condenados a morrer sob tal acusação.
Entretanto o filme assemelha-se a Django apenas nessa idéia central, mas os rumos de Keoma são bem diferentes já que o mestiço retorna à cidade para visitar seu pai, o velho Shannon interpretado por Willian Berger e confrontar uma antiga richa familiar com seus meio-irmãos, Butch (Orso Maria Guerrini), Lenny (Antonio Marsina) e Sam (John Loffredo). Os planos de Keoma para viver uma vida pacífica falham totalmente de modo que o mestiço coloca-se num fogo cruzado para proteger Lisa (Olga Karlatos) e proteger a população da cidade que encontra-se sob a ameaça do bando do Capitão Caldwell (Donald O´Brian), um tirano que dominou completamente a cidade controlando a entrada de carregamento de remédios, único meio de tratamento para a tal doença que assola o local.
Produzido por Manolo Bolognini, mesmo produtor de Django, o filme de Castellari traz uma produção bem mais apurada em termos de cenário e também de figurino a começar pelas vestimentas de Keoma que reforçam suas raízes indígenas tanto quanto sua criação urbana. A narrativa de Castellari é envolvente e muito primorosa chegando a render momentos de contemplação não apenas pela ação retratada numa câmera lenta que beira a perfeição, mas também pelo modo como retrata os atores cujas interpretações são o grande alicerce desta obra.
Franco Nero brilha como sempre conferindo força e energia necessária ao seu personagem como poucos atores conseguem realmente fazer, principalmente devido ao seu olhar altamente expressivo demonstrando que parece ter nascido para interpretar personagens que possuem uma força interior sobre-humana parecendo torná-los maiores que a vida. O elenco também conta com a presença do grande ator norte-americano Woddy Strode como o gigante negro George e ator austríaco Willian Berger no papel de William Shannon.
O roteiro traz profundas metáforas sobre a vida e a morte representadas na figura de uma velha bruxa que parece ser onipresente, pois só o mestiço a vê em certos momentos, enquanto que Lisa, a mulher salva por Keoma no início do filme parece representar a vida, já que traz uma criança em seu ventre e pode dar à luz a qualquer momento. Dentre as inúmeras qualidades, a narrativa é embalada pela excelente trilha sonora interpretada pela dupla Sibyl & Guy.
Conta-se que Keoma é um dos últimos spaguetti western, pois o ciclo de filmes do então gênero italiano de faroeste já estava chegando ao fim bem como o western de Hollywood também já vinha se desgastando e rendendo cada vez menos produções de modo que o western americano caminhava para um fim definitivo que se daria no início dos anos 80. É lamentável que Keoma não tornou-se um ícone como Django, embora teve sucesso no cinemas e fora reprisado inúmeras vezes na Tv aberta. Entretanto, se o filme de Castellari é mesmo o último representante do spaguetti western não é nada difícil concluir o porquê. Simplesmente uma obra prima. (R.A.)
Keoma (1976, Itália)
Direção e roteiro: Enzo G. Castellari
Elenco: Franco Nero, Olga Karlatos, William Berger, Woddy Strode,
Donald O´Brian, Orso Maria Guerrini, Antonio Marsina, John Loffredo
Dirigido e roteirizado por Enzo G. Castellari a trama do filme tem sua ambientação no oeste pós Guerra Civil norte-americana e é interessante notar como esse evento foi um tema muito recorrente nos westerns de um modo geral dada a importância fundamental desse período histórico que foi determinante para o desenvolvimento sócio-político dos Estados Unidos como um todo.
Keoma, um mestiço (meio índio, meio branco) e destemido pistoleiro após o final da guerra civil resolve retornar para sua cidade natal em busca de um novo norte para sua vida. O roteiro de Castellari tem uma premissa muito parecida com Django, já que no início da trama Keoma salva uma mulher chamada Lisa, aprisionada por um bando de malfeitores que pretendiam executá-la, sob alegação de que a mesma é portadora de uma peste, uma doença fatal que se abatera sobre uma cidade e outros prisioneiros também estavam condenados a morrer sob tal acusação.
Capitão Caldwell |
Os irmãos Shannon |
Franco Nero brilha como sempre conferindo força e energia necessária ao seu personagem como poucos atores conseguem realmente fazer, principalmente devido ao seu olhar altamente expressivo demonstrando que parece ter nascido para interpretar personagens que possuem uma força interior sobre-humana parecendo torná-los maiores que a vida. O elenco também conta com a presença do grande ator norte-americano Woddy Strode como o gigante negro George e ator austríaco Willian Berger no papel de William Shannon.
Lisa, interpretada pela atriz grega Olga Karlatos |
O roteiro traz profundas metáforas sobre a vida e a morte representadas na figura de uma velha bruxa que parece ser onipresente, pois só o mestiço a vê em certos momentos, enquanto que Lisa, a mulher salva por Keoma no início do filme parece representar a vida, já que traz uma criança em seu ventre e pode dar à luz a qualquer momento. Dentre as inúmeras qualidades, a narrativa é embalada pela excelente trilha sonora interpretada pela dupla Sibyl & Guy.
Conta-se que Keoma é um dos últimos spaguetti western, pois o ciclo de filmes do então gênero italiano de faroeste já estava chegando ao fim bem como o western de Hollywood também já vinha se desgastando e rendendo cada vez menos produções de modo que o western americano caminhava para um fim definitivo que se daria no início dos anos 80. É lamentável que Keoma não tornou-se um ícone como Django, embora teve sucesso no cinemas e fora reprisado inúmeras vezes na Tv aberta. Entretanto, se o filme de Castellari é mesmo o último representante do spaguetti western não é nada difícil concluir o porquê. Simplesmente uma obra prima. (R.A.)
TRAILER
Keoma (1976, Itália)
Direção e roteiro: Enzo G. Castellari
Elenco: Franco Nero, Olga Karlatos, William Berger, Woddy Strode,
Donald O´Brian, Orso Maria Guerrini, Antonio Marsina, John Loffredo
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