Os anos de 2009 e 2010 foram bastante produtivos para o cinema físico, pois este biênio foi marcado por produções que alimentaram o cinema de entretenimento, mas que também renovaram os gêneros de ação e aventura, principalmente em termos de tecnologia, haja vista a revolução do velho recurso 3D, que depois do sucesso de Avatar, está apenas (re) começando a dar um novo formato ao cinema moderno para a próxima década do atual século. O aprimoramento na concepção de efeitos em CGI também ganhou novo fôlego, a exemplo da ousada obra de James Cameron, e também de outros filmes que utilizaram recursos digitais na elaboração de suas cenas físicas, tais como o reboot Star Trek, a adaptatação da HQ Watchmen (ambos de 2009) e o remake de Fúria de Titãs (Clash of the Titans, 2010).
Inovações de personagens clássicos também deixaram marcas positivas no cinema físico, a exemplo do detetive inglês Sherlock Holmes, encarnado com energia e bom humor por Robert Downey Junior, sob a cuidadosa lente de Guy Ritchie ou ainda a tripulação de Jornada nas Estrelas, vivida com muito entusiasmo por atores bastante talentosos e a direção magistral de J. J. Abrams, cineasta talentoso e criador do famoso seriado Lost. A recriação de personagens mitológicos ganhou novo fôlego com o turbinado remake de Fúria de Titãs, que sob a direção de Louis Leterrier rendeu ótimas cenas de ação e efeitos visuais de ponta.
O gênero policial também rendeu uma obra de destaque sob a direção de Michael Mann e uma bela interpretação de Johnny Depp, no filme Inimigos Públicos (2009) que traz uma história de gangsters como há muito tempo não se via em Hollywood, com uma ação realista e belamente coreografada pelo olhar de Mann. E ação não falta no trhiller que marca o retorno de Mel Gibson – O Fim da Escuridão (Edge of Darkness), sob a competente direção de Martin Campbel e a interpretação cada vez melhor de Gibson. Em clima de nostalgia, o cinema da década de oitenta ganhou uma divertida e explosiva releitura sob a ótica bacana de Stallone, que reúne um time truculento de veteranos para compor o elenco de Os Mercenários (The Expendables, 2010) - o cineasta Robert Rodrigues conseguiu fazer algo semelhante em seu curioso filme Machete (2010), ao reunir o mais estranho elenco para um filme de ação, Robert DeNiro, Steven Seagal, Jessica Alba, Michele Rodrigues e o mexicano Danny Trejo como protagonista. E o clima de nostalgia ganha mais fôlego com a explosiva adaptação de Esquadrão Classe A para o cinema, série de TV oitentista de grande sucesso, provavelmente o filme de ação mais divertido deste ano.
Velhos conceitos se renovaram em filmes muito interessantes que infelizmente foram pouco valorizados, tais como o britânico Harry Brown (2009), com Michael Caine na pele de um velho justiceiro que portando uma pistola, tenta limpar as ruas de sua cidade infestada por traficantes e delinqüentes em uma obra que pode ser considerada uma leitura moderna de Desejo de Matar. O futuro imaginado em Mad Max, ganha um reforço com O Livro de Eli, interpretado por Denzel Washington como um justiceiro solitário que carrega uma bíblia (o último exemplar disponível no mundo) e a participação de Gary Oldman no papel do vilão que quer se apossar da bíblia para dominar a população de uma pequena cidade com argumentos religiosos – a ação deste filme bem como a ambientação, o tornam uma espécie de “faroeste” moderno ou futurista, pois pode-se notar claras referências ao gênero western nos tiroteios e na concepção dos personagens – e o western propriamente dito, embora não consiga se reerguer no cinema atual, continua rendendo ótimas produções como o divertido Jonah Hex, adaptação dos quadrinhos da DC comics com Josh Brolin, John Malcovich e Megan Fox.
Artes marciais também marcaram presença em boas produções que também são pouco lembradas, como o brasileiro Besouro (2009), filme que conta a história do maior capoeirista de todos os tempos e que viveu na época da escravidão no Brasil. O filme traz toda a riqueza da capoeira bem como o folclore afro-brasileiro nesta obra autêntica e surpreendente do cinema nacional. Do outro lado mundo, este ano o cinema chinês produziu dois filmes muito interessantes para narrar a biografia de Yip Man, lendário mestre de Kung-Fu que defendeu bravamente a população chinesa contra a invasão dos japoneses na década de 1930 e que no restante do mundo ficou conhecido por treinar o mito Bruce Lee - O Grande Mestre I e II.
A ficção científica deu novos contornos ao cinema de ação e os efeitos visuais alcançaram um nível extremo de realismo em um filme produzido por Peter Jackson, Distrito 9 (District 9, 2009)- filme politizado com elementos de sci-fi que narra uma história de invasão alienígena na África do Sul e um confronto entre humanos e aliens concebido de forma surpreendente e ação realista nesta co-produção entre Nova Zelândia e África do Sul. Em 2010, Hollywood decide dar continuidade à franquia Predador, e o resultado foi Predadores (Predators), com produção de Robert Rodriguez e um elenco bem conhecido, Adrien Brody como protagonista e Alice Braga, Danny Trejo e Laurence Fishburne como coadjuvantes numa caçada sem tréguas nas florestas de um planeta desconhecido.
Como pode-se notar, os dois últimos anos foram prolíficos para o cinema físico tanto em termos de tecnologia quanto de idéias, algo que pode definir novos rumos para a próxima década e quem sabe, estimular os novos roteiristas na concepção de idéias que possam ajudar o cinema físico a renovar-se com mais criatividade. Com base nos filmes àcima citados, o cinema de ação e aventura esta cada vez melhor. E que venha 2011, com punhos erguidos, bala na agulha, muita diversão e bom humor:)
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