fuga impossível

ROTA DE FUGA

Stallone e Schwarzenegger planejam fuga espetacular em thriller de ação e suspense

 Em meados da década de 80 especulava-se muito a respeito de uma possível parceria entre Stallone e Schwarzenegger, pois muitos fãs dos maiores astros de ação daquela época sonhavam em ver os dois atores estrelando uma aventura juntos - e chegou a circular boatos em revistas de cinema e outras mídias. Porém, tal união jamais aconteceu, os fãs ficaram "a ver navios" e a carreira de ambos os astros seguiu sem nenhum vínculo. Passados quase 30 anos eis que finalmente tal sonho se realiza e os mitos, agora envelhecidos, finalmente unem-se como protagonistas de um eficiente filme de ação e suspense atualmente em cartaz nos cinemas.

  Rota de Fuga (Escape Plan, 2013) traz Stallone no papel de Ryan Breslin, um sujeito que tem um dom  muito especial: é capaz de fugir de qualquer prisão de segurança máxima; e como se não bastasse, ele vive deste estranho ofício chegando ao ponto de ter escrito um livro sobre tal assunto - pelo que dá a entender, Breslin é um tipo de profissional que consegue descobrir falhas aparentemente inexistentes para ajudar a melhorar o sistema dos presídios.

  Certo dia, Breslin é procurado por uma moça misteriosa que diz ser agente da CIA, e lhe oferece a proposta de hospedar-se num presídio considerado o mais seguro do mundo. Tal prisão é conhecida como a Tumba (originalmente seria este o nome do filme, The Tomb), e lá encontram-se prisioneiros de alta periculosidade, detidos em celas de vidro, ou seja, transparentes, de modo que podem ser observados 24 horas por dia sem nenhuma chance de empreender uma mínima tentativa de fuga, além do que, os guardas que vigiam o local utilizam máscaras para não serem reconhecidos e não manterem nenhum tipo de vínculo com os prisioneiros - e o presídio é dirigido com "mão de ferro" por um diretor inescrupuloso interpretado por Jim Caviezel, que consegue compor um ótimo vilão.

  Em pouco tempo, após ser detido e preso, Breslin ocasionalmente fica conhecendo Ottmeyer, interpretado por Schwarzie, que se dispõe a lhe fornecer toda a ajuda possível para que ambos possam armar um perfeito plano de fuga, que se mal executado, facilmente lhes custarão suas vidas, pois tal presídio foi exatamente planejado para ser à prova de fuga, pois tem uma localização imprecisa.

  O ótimo roteiro escrito por Jason Keller e Miles Chapman resgata um sub-gênero até esquecido ultimamente, dos filmes de fuga de prisão, que no passado já rendeu grandes filmes como Papillon (1973), Um sonho de Liberdade (1994), entre outros. A direção segura do sueco Mikael Hafstrom comprova que o cineasta sabe conduzir muito bem um thriller de ação e suspense, tanto quanto enredos mais dramáticos como de seus filmes anteriores, O Ritual (2011) e 1408 (2007) - e Hafstrom sabe valorizar a ação sem grandes exageros e até com direto à câmera lenta ao retratar as performances de Sly e Schwarzie, nas cenas mais impactantes da aventura. E ambos os atores demonstram disposição e a habitual boa forma em seus personagens além de uma ótima química para torná-los uma verdadeira dupla dinâmica.

Hafstrom e o elenco

  Rota de Fuga é uma grata surpresa na carreira de ambos os astros e embora sua exibição nos cinemas esteja um pouco despercebida, sem grandes alardes, é interessante conferir o longa na tela grande, pois o grande encontro dos mitos finalmente aconteceu, de modo que a participação de ambos em Os Mercenários 1 e 2 não conta, pois tratava-se de uma reunião de várias lendas da ação. Seja como for, a esperada (ou esquecida?) parceria dos mitos está finalmente concretizada e os maiores fãs já não precisam reclamar.

TRAILER

Rota de Fuga (Escape Plan, 2013)

Direção: Mikael Hafstrom

Roteiro:Jason Keller, Miles Chapman

Elenco: Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jim Caviezel, Vincent D'Onofrio, Vinnie Jones, Curtis Jackson, Amy Ryan,Sam Neil, Faran Tahir, 50 cent

  

  

caçada nostálgica

O 

ALVO

Há 20 anos Van Damme transformava caçadores em presas

O cinema de ação da década de noventa ainda cheirava a pura testosterona como pode ser comprovado nesta aventura estrelada por Jean Claude Van Damme que na época, estava no auge de sua carreira ao ser dirigido pelo chinês John Woo, considerado o mestre dos filmes de ação. Woo, que em seu país dirigiu filmes de sucesso que tiveram boa repercussão aqui no Ocidente, tais como Alvo Duplo (A Better Tomorrow, 1986), Fervura Máxima (Hard Boiled, 1992) e O Matador (The Killer, 1989), estreou em Hollywood no ano de 1993 justamente na direção de O Alvo (Hard Target) e na época circulava o boato de que executivos do cinema norte-americano tiveram a idéia de contratar Woo para dirigir O Alvo, após terem assistido O Matador. 

John Woo orientando Van Damme

  Com roteiro escrito por Chuck Pfarrer, o filme é ambientado em Nova Orleans, cidade que apesar de parecer interiorana, é razoavelmente grande pois possui cerca de 300 mil habitantes, além de ser litorânea, situada às margens do rio Mississipi. E um estivador chamado Chance Bodreaux (Van Damme) passa seus dias de forma rotineira trabalhando num cais e frequentando bares em suas horas de folga. E é defronte um bar, após uma briga violenta, que Chance é localizado por uma bela moça chamada Natasha Binder (Yancy Butler) que quer contratá-lo para investigar o sumiço de seu pai. Bodreaux, que sabe manejar armas de fogo e possui habilidades marciais, aceita o trabalho e parte para a investigação como um detetive amador ao lado da bela cliente.
 Além de Yancy Butler, o longa traz um elenco igualmente talentoso com a presença de Lance Henriksen, ator bem conhecido de alguns filmes de sucesso nos anos 80 como O Exterminador do Futuro e Aliens - O resgate e Arnold Hosloo (o faraó do filme A Múmia, 1999), como um dos capangas do arqui-vilão da trama.

Chance e Natasha

Emil Fouchon

  Em pouco tempo Chance descobre que o pai de Natasha foi assassinado de forma bem estranha, como vários outros homens também desaparecidos foram mortos: caçados como animais. Um influente milionário chamado Emil Fouchon (Lance Henriksen) tem o estranho de hábito de capturar ex-combatentes de guerra, como o pai de Natasha e utilizá-los como alvo de caça, um estranho e bizarro jogo do qual a presa pode ganhar um premio em dinheiro caso sobreviva, porém todos morrem durante a tal caçada financiada por Fouchon, cujos participantes, em geral ex-militares, utilizam armas de grosso calibre, o que os torna uma quadrilha de caçadores, para não dizer psicopatas.

  A película tem ação ininterrupta bem ao estilo oriental com longas cenas de tiroteio e algumas bem vindas cenas de luta do ator belga que estava em plena forma física. John Woo comanda a ação com maestria e seu estilo lembra muito o lendário cineasta Sam Peckinpah, ao empregar belas tomadas em câmera lenta, o que valoriza muito as coreografias e faz o público sentir-se dentro da ação.
 Contudo, a aventura não foge dos exageros típicos do gênero de ação daquela época, bem como da década de 80, em que o herói escapa da morte de maneira inacreditável, além de enfrentar sozinho um grupo com mais de dez adversários fortemente armados, como se fosse um ser indestrutível. Para explicar melhor, a cena de perseguição que segue no quadro abaixo é a mais exagerada do filme, apesar de muito bem filmada - e o fato de ter sido gravada sem trucagens digitais ao contrário do que ocorre nos dias de hoje, lhe confere muita autenticidade. Só fica difícil de saber se foi executada por um dublê ou pelo próprio Van Damme.

  As qualidades de O Alvo estão além da ação frenética, trazendo um enredo envolvente que remete diretamente ao gênero western, pois Chance Bodreaux é uma versão contemporânea de herói solitário que sozinho enfrenta um bando de foras da lei a troco de recompensa e diga-se de passagem, restaura a paz e ordem numa cidade que mais parece uma terra sem lei. Como muitos sabem, a cidade de Nova Orleans, localizada no sul dos Estados Unidos tem um importante legado musical do qual destaca-se o Blues, estilo que é um dos alicerces da música norte-americana e foi a escolha mais do que certa para compor a trilha sonora do filme.

   O filme com orçamento de US$18 milhões faturou mais de US$ 32 milhões nas bilheterias estadunidenses, sucesso absoluto na época. Conta-se que inicialmente Kurt Russel havia sido cotado para o papel antes de Van Damme, mas felizmente a última opção foi ator belga que estrelou um dos filmes mais expressivos de sua carreira e considerado um dos melhores da década de noventa.
 O ator Lance Henriksen sofreu um grave acidente nos momentos finais das gravações, quando seu personagem tem parte do corpo em chamas, pois o ator sofreu queimaduras reais e mesmo assim continuou a cena; portanto, as reações de surpresa dos atores que estavam cena são tão reais quanto as expressões de dor que Henriksen demonstra em seu personagem. O alvo já figura como um pequeno clássico dos anos 90 e mesmo depois das várias reprises da TV aberta é interessante ver em formatos digitais, pois a ação tem mira certa e apesar de nostálgica, não envelhece.

TRAILER

Hard Target (EUA,1993)

Direção: John Woo

Roteiro:Chuck Farrer

Elenco: Jean Claude Van Damme, Yancy Butler, Lance Hneriksen, Arnold Vosloo, Wilford Brimley