A LENDA DE TARZAN
O "homem macaco" ganha um reboot nas telas do cinema
à altura de seu legado
Um dos maiores personagens literários e herói cinematográfico finalmente retorna às telas do cinema em uma de sua melhores adaptações em décadas. O personagem criado pelo escritor norte-americano Edgar Rice Burroughs já estrelou aproximadamente cerca de 200 filmes nas telas do cinema ao longo do século XX, além de uma série de Tv na década de 1960, uma série animada na década de 80 e uma produção da Disney em 1999, provavelmente Tarzan é o personagem que mais ganhou adaptações na história do cinema.
Comandado por David Yates, mesmo diretor dos últimos quatros da franquia Harry Potter e roteirizado por Adam Cozad e Craig Brewer, A Lenda de Tarzan (The legend of Tarzan) é possívelmente o filme que melhor explora a origem do personagem, tanto quanto Greystoke: a lenda de Tarzan (1984), embora The Legend of Tarzan conte a origem de modo fragmentado, algo que funciona muito bem já que flashbacks inesperados dão mais ritmo à narrativa e a torna mais envolvente.
O ator Alexander Skarsgard encarna o filho das selvas com muita eficácia e naturalidade e embora apresente um físico um tanto definido, já que o ator malhou muito para o papel, sua musculatura não chega a parecer artificial, e o público pode subentender que seu físico foi desenvolvido por ele ter sido criado na selva em meio a uma família de gorilas adquirindo os hábitos dos animais. A interpretação de Skarsgard não é apenas correta, mas também notável ao compor um Tarzan que aparenta um olhar meio triste ou cansado e uma postura levemente curvada ressaltando sua origem primitiva.
Notável também é a cultura formal do personagem que na Inglaterra assume seu nome de batismo, John Clayton, filho de aristocratas e por direito lorde de Greystoke. Em outras palavras, Tarzan é a perfeita personificação da teoria do "bom selvagem", do filósofo Rosseau. Além do astro principal, a produção traz um elenco de primeira linha com Samuel L. Jackson como George Washington Williams, Christoph Waltz como Leom Rom, o ardiloso vilão da trama, Djimon Honsou como o chefe tribal Mbonga e a linda Margot Robie como a corajosa Jane.
Na trama, John Clayton retorna ao Congo para servir como emissário do parlamento britânico atendendo a um pedido do Rei Leopoldo da Bélgica. O ex-soldado norte-americano Goeroge W. Williams pede a ajuda de Tarzan para provar que o monarca escraviza os nativos do Congo, mas o que ambos não imaginam é que a tal visita é uma armadilha comandada pelo cruel Leom Rom (Waltz), que pretende entregar Tarzan a uma tribo inimiga em troca de diamantes.
David Yates demonstra certa habilidade para compor cenas de ação e embora sejam bem rápidas não chegam a soar confusas, bem como é notável o talento do cineasta para contar estórias que mesclam realismo e fantasia de modo crível - e o realismo em questão nota-se claramente na força do personagem ao enfrentar vários adversários num vagão de trem ou sua fragilidade diante da força de um gorila, o qual obviamente não pode ser derrotado, por mais forte que Tarzan seja.
Contando com grandes cenários e perfeita reconstituição de época a produção no entanto peca pelo excesso de paisagens digitais, algo que compromete seriamente a fotografia por mais belas que sejam tais imagens, já que normalmente o que se espera de um filme do Tarzan são imagens reais que exibam todo o esplendor de florestas e lugares reais ao invés de selvas montadas em CGI. Por outro lado, os animais digitais nunca chegam a soar artificiais e impressionam pela naturalidade de seus olhares e movimentos, tanto quanto é impressionante a interação de Tarzan com todos eles.
O longa não chegou a surpreender em sua estréia e não tem atraído muito público ao cinemas já que o personagem não parece ser muito atraente para o público dos dias atuais, (mal) acostumados com filmes de super-heróis e coisas do tipo. De qualquer modo, o Rei das selvas está de volta e seu legado merece ser respeitado e redescoberto pelas novas gerações. (R.A.)
Comandado por David Yates, mesmo diretor dos últimos quatros da franquia Harry Potter e roteirizado por Adam Cozad e Craig Brewer, A Lenda de Tarzan (The legend of Tarzan) é possívelmente o filme que melhor explora a origem do personagem, tanto quanto Greystoke: a lenda de Tarzan (1984), embora The Legend of Tarzan conte a origem de modo fragmentado, algo que funciona muito bem já que flashbacks inesperados dão mais ritmo à narrativa e a torna mais envolvente.
A primeira estória publicada intitulada Tarzan, o rei da selva, data de 1912 |
Na trama, John Clayton retorna ao Congo para servir como emissário do parlamento britânico atendendo a um pedido do Rei Leopoldo da Bélgica. O ex-soldado norte-americano Goeroge W. Williams pede a ajuda de Tarzan para provar que o monarca escraviza os nativos do Congo, mas o que ambos não imaginam é que a tal visita é uma armadilha comandada pelo cruel Leom Rom (Waltz), que pretende entregar Tarzan a uma tribo inimiga em troca de diamantes.
David Yates demonstra certa habilidade para compor cenas de ação e embora sejam bem rápidas não chegam a soar confusas, bem como é notável o talento do cineasta para contar estórias que mesclam realismo e fantasia de modo crível - e o realismo em questão nota-se claramente na força do personagem ao enfrentar vários adversários num vagão de trem ou sua fragilidade diante da força de um gorila, o qual obviamente não pode ser derrotado, por mais forte que Tarzan seja.
Contando com grandes cenários e perfeita reconstituição de época a produção no entanto peca pelo excesso de paisagens digitais, algo que compromete seriamente a fotografia por mais belas que sejam tais imagens, já que normalmente o que se espera de um filme do Tarzan são imagens reais que exibam todo o esplendor de florestas e lugares reais ao invés de selvas montadas em CGI. Por outro lado, os animais digitais nunca chegam a soar artificiais e impressionam pela naturalidade de seus olhares e movimentos, tanto quanto é impressionante a interação de Tarzan com todos eles.
O longa não chegou a surpreender em sua estréia e não tem atraído muito público ao cinemas já que o personagem não parece ser muito atraente para o público dos dias atuais, (mal) acostumados com filmes de super-heróis e coisas do tipo. De qualquer modo, o Rei das selvas está de volta e seu legado merece ser respeitado e redescoberto pelas novas gerações. (R.A.)
TRAILER
A lenda de Tarzan (The Legend of Tarzan, 2016)
Direção: David Yates
Roteiro: Adam Cozad e Craig Brewer
Elenco: Alexander Skarsgard, Samuel L. Jackson, Margot Robbie, Djimon Honsou, Cristopher Waltz.