O Bom, O mau e o Feio
Há 50 anos estreava uma obra prima do cinema italiano para reescrever a trajetória do faroeste nos cinemas
Em 1966 estreava nos cinemas da Itália e logo em seguida no restante do mundo o filme que passou a ser considerado a obra prima de Sergio Leone, bem como um dos grandes filmes de todos os tempos: Il Buono, Il Brutto, Il Cativo, intitulado no Brasil como Três Homens em Conflito, nome pelo qual tornou-se mais conhecido aqui. Estrelado por Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach, com roteiro de Luciano Vicenzoni, Sergio Leone, Agenori Incrocci e Furio Srcapelli, o filme estabeleceu-se como uma espécie de marco definitivo no gênero spaguetti western, mas também pode ter servido de modelo para uma reinvenção do faroeste norte-americano.
Ambientado em plena Guerra Civil americana, o filme de Leone retrata com precisão o conflito entre as tropas do norte cujo uniforme dos soldados é azul e as tropas confederadas do sul cujo uniforme é de cor cinza e embora a passagem da importante batalha seja um pano de fundo, é notável o cuidado do cineasta em retratá-la de modo respeitoso, especialmente o empenho dos soldados tanto quanto o sofrimento dos mesmos no campo de batalha. Enquanto reinava um clima de tensão em todo o território norte-americano causado pela guerra que dividia o país, muitos lutavam no front para matar ou morrer por uma causa. Já outros faziam a própria sorte para sobreviver independente de qual lado ganhasse a guerra... e é aí que entram os três personagens em questão: Blondie, Tuco e Angel Eyes.
Clint Eastwood interpreta Blondie (lourinho), um sujeito que parece não ter nome e nem passado sendo conhecido apenas por tal apelido. Blondie a princípio é um caçador de recompensas, porém ele mantém um acordo com Tuco que é um criminoso procurado em várias cidades. Blondie sempre captura Tuco e o entrega ao xerife e sempre o liberta na hora do enforcamento e após a fuga ambos dividem o dinheiro da recompensa que em cada cidade torna-se cada vez maior. Tuco na verdade tem nome: Benedito Pacífico Ruan Maria Ramírez e também tem um passado que ele cita em certo momento ao reencontra-se com um irmão que se tornou padre.
Angel Eyes assim como Blondie também não tem nome e nem passado. Entretanto ao contrário de Blondie ele tem características que o definem perfeitamente como o mau do título do filme, pois é um sujeito bastante ardiloso e cruel capaz de qualquer coisa para alcançar seus objetivos além de ser um assassino frio e calculista. Embora haja questionamentos sobre até que ponto Blondie é bom, a resposta não é difícil de deduzir: o lourinho é bom porque ele é o oposto da crueldade e da vilania de olhos de anjo.
E o cuidado de Leone para compor uma obra original também se faz notar além do roteiro, a elaboração da ação desde a explosão de uma imensa ponte de madeira sobre um rio que servia de campo de batalha dos soldados até a cena final que resulta num belíssimo duelo entre os três adversários, algo realmente original e que provavelmente nunca se viu nem nos westerns norte-americanos. O palco de batalha do duelo se dá em um cemitério cujo local de forma circular é muito parecido com uma arena. Closes nos olhares dos pistoleiros, em suas expressões e em suas armas filmados em vários takes constroem a mais bela cena de duelo jamais vista até então num faroeste... e mais uma vez a regência de Morricone completa o espetáculo.
Por fim falar muito bem de O Bom, O Mau e o Feio parece nunca ser suficiente, pois pode soar como mero elogio fazer uma análise de uma obra prima do cinema que tornou-se unanimidade entre público e crítica e grande parte dos críticos chegaram a considerá-lo como o western definitivo, inclusive consideraram este e os dois anteriores como a trilogia dos dólares, embora O bom, O Mau e o Feio não tem uma ligação exata com Por Um Punhado de Dólares e Por Uns Dólares a Mais que são realmente uma sequência.
O terceiro apenas se assemelha aos dois anteriores pelo enredo envolvendo uma grande quantia de dólares e o pistoleiro sem nome interpretado por Eastwood que praticamente é o mesmo personagem. Outra grande obra de Leone à altura deste filme foi Era Uma Vez Oeste (1968) tão bom quanto ou superior em vários aspectos mas... de qualquer maneira o divisor de águas do faroeste surgiu assim: O Bom, O Mau, O Feio e... O Mestre Leone. (R.A.)
Ambientado em plena Guerra Civil americana, o filme de Leone retrata com precisão o conflito entre as tropas do norte cujo uniforme dos soldados é azul e as tropas confederadas do sul cujo uniforme é de cor cinza e embora a passagem da importante batalha seja um pano de fundo, é notável o cuidado do cineasta em retratá-la de modo respeitoso, especialmente o empenho dos soldados tanto quanto o sofrimento dos mesmos no campo de batalha. Enquanto reinava um clima de tensão em todo o território norte-americano causado pela guerra que dividia o país, muitos lutavam no front para matar ou morrer por uma causa. Já outros faziam a própria sorte para sobreviver independente de qual lado ganhasse a guerra... e é aí que entram os três personagens em questão: Blondie, Tuco e Angel Eyes.
Sergio Leone junto ao elenco do filme |
Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach: três grandes atores, um elenco simplesmente perfeito |
Clint Eastwood interpreta Blondie (lourinho), um sujeito que parece não ter nome e nem passado sendo conhecido apenas por tal apelido. Blondie a princípio é um caçador de recompensas, porém ele mantém um acordo com Tuco que é um criminoso procurado em várias cidades. Blondie sempre captura Tuco e o entrega ao xerife e sempre o liberta na hora do enforcamento e após a fuga ambos dividem o dinheiro da recompensa que em cada cidade torna-se cada vez maior. Tuco na verdade tem nome: Benedito Pacífico Ruan Maria Ramírez e também tem um passado que ele cita em certo momento ao reencontra-se com um irmão que se tornou padre.
Eli Wallach na pele de Tuco: interpretação hilária e brilhante |
Angel Eyes assim como Blondie também não tem nome e nem passado. Entretanto ao contrário de Blondie ele tem características que o definem perfeitamente como o mau do título do filme, pois é um sujeito bastante ardiloso e cruel capaz de qualquer coisa para alcançar seus objetivos além de ser um assassino frio e calculista. Embora haja questionamentos sobre até que ponto Blondie é bom, a resposta não é difícil de deduzir: o lourinho é bom porque ele é o oposto da crueldade e da vilania de olhos de anjo.
O mau obtém a informação sobre uma grande quantia em dinheiro que foi roubada pela bando de um sujeito chamado Bill Carson. Cerca de 200 mil dólares, uma verdadeira fortuna foi escondida em algum lugar distante e bastante seguro diga-se de passagem. Como é de se supor Blondie e Tuco também descobrem tal informação e seus caminhos se cruzarão com os de Angel eyes. Entretanto somente Blondie sabe o local exato onde tal fortuna está escondida, uma cova em um cemitério, já que o próprio Bill Carson lhe disse um pouco antes de morrer. Os três homens então passam toda a trama em busca do dinheiro e tendo seus caminhos cruzados em meio ao clima da guerra civil.
Não é difícil entender porque este filme rapidamente conquistou público e principalmente a crítica logo tornando-se um clássico instantâneo. Sergio Leone que antes deste dirigira Por um Punhado de Dólares (1964) e Por Uns Dólares a Mais (1965) concentrou todo seu talento e estética apurada neste terceiro filme para intencionalmente compor uma obra épica como se nunca se viu no cinema italiano e nem mesmo em Hollywood em se tratando de faroestes. Planos extendidos, closes e cenas bem detalhadas para descrever seus personagens e todo o contexto da engenhosa trama demonstram um cuidado especial que só poderia vir de um cineasta realmente apaixonado pelo gênero que se propôs a filmar como se estivesse lapidando uma jóia. E tal preciosismo se completa na trilha sonora composta pelo mestre Enio Morricone, que por fim emoldura a obra de Leone.
E o cuidado de Leone para compor uma obra original também se faz notar além do roteiro, a elaboração da ação desde a explosão de uma imensa ponte de madeira sobre um rio que servia de campo de batalha dos soldados até a cena final que resulta num belíssimo duelo entre os três adversários, algo realmente original e que provavelmente nunca se viu nem nos westerns norte-americanos. O palco de batalha do duelo se dá em um cemitério cujo local de forma circular é muito parecido com uma arena. Closes nos olhares dos pistoleiros, em suas expressões e em suas armas filmados em vários takes constroem a mais bela cena de duelo jamais vista até então num faroeste... e mais uma vez a regência de Morricone completa o espetáculo.
Por fim falar muito bem de O Bom, O Mau e o Feio parece nunca ser suficiente, pois pode soar como mero elogio fazer uma análise de uma obra prima do cinema que tornou-se unanimidade entre público e crítica e grande parte dos críticos chegaram a considerá-lo como o western definitivo, inclusive consideraram este e os dois anteriores como a trilogia dos dólares, embora O bom, O Mau e o Feio não tem uma ligação exata com Por Um Punhado de Dólares e Por Uns Dólares a Mais que são realmente uma sequência.
O terceiro apenas se assemelha aos dois anteriores pelo enredo envolvendo uma grande quantia de dólares e o pistoleiro sem nome interpretado por Eastwood que praticamente é o mesmo personagem. Outra grande obra de Leone à altura deste filme foi Era Uma Vez Oeste (1968) tão bom quanto ou superior em vários aspectos mas... de qualquer maneira o divisor de águas do faroeste surgiu assim: O Bom, O Mau, O Feio e... O Mestre Leone. (R.A.)
TRAILER
Ps: Há um erro grosseiro no trailer, pois (sabe-se lá porque..) Lee Van Cleef é descrito como o Feio, mas como todos sabem ele é o Mau. (R.A.)
Três Homens Em Conflito (The Good, The Bad and The Ugly;Itália, 1966)
Roteiro: Luciano Vicenzoni, Sergio Leone, Agenori Incrocci e Furio Srcapelli
Direção: Sérgio Leone
Elenco: Clint Eastwood, Lee Van Cleef, Eli Wallach