sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

rota traiçoeira

BREAKDOWN - IMPLACÁVEL PERSERGUIÇÃO

Há 17 anos Kurt Russell trilhava uma estrada impiedosa para encontrar sua mulher desaparecida



  Em 1997 estreava nos cinemas estadunidenses Breakdown - Implacável Perseguição, um filme tenso e com uma trama intrigante roteirizado por Jonathan Mostow e Sam Montgmorey trazendo o astro Kurt Russell no papel de Jeff Taylor, um sujeito bem sucedido que leva uma vida normal ao lado da esposa Amy (Kathleen Quinlan) e juntos viajam em seu carro novo, um Ford Grand Cherokee, por uma estrada de longos percursos desérticos, cujos postos de parada são bem distantes, o que é um péssimo sinal caso o carro apresente algum defeito pelo caminho - e é o que infelizmente acontece ao carro de Taylor.
  O roteiro simples nos conduz à uma trama angustiante quando no segundo ato Amy some misteriosamente após ter aceitado carona de um caminhoneiro que lhes ofereceu ajuda na estrada e o mesmo caminhoneiro algum tempo depois negou que sabia de tal fato quando um policial rodoviário o abordou junto com Jeff que para o maior desespero nada conseguiu pois o agente inspecionou o caminhão e não encontrou nenhum sinal ou indício que pudesse incriminar o caminhoneiro chamado Warren "Red" Bar.



  Sem ter o que fazer a não ser abrir um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima, Jeff empreende uma busca solitária investigando todos os lugares por onde esteve ao longo do percurso a fim de encontrar alguma pista que pudesse levá-lo ao paradeiro de sua esposa - e assim o filme que é um dos mais tensos do sub-gênero rodoviário, segue num suspense crescente e ao mesmo tempo sufocante de modo que posteriormente o caminhoneiro "Red" Bar volta a encontrar Jeff para finalmente lhe revelar o paradeiro de Amy, que ele sequestrou para devolvê-la a Jeff em troca de muito dinheiro.


  Além ótimo suspense, no terceiro ato o longa traz cenas de ação muito bem vindas e ainda que sejam poucas são mais que suficiente para que o diretor Jonathan Mostow mostre seu talento para cenas físicas o que anos mais tarde lhe rendeu a direção de O Exterminador do Futuro 3 - A rebelião das máquinas (Terminator 3 - Rise of the machines, 2003). O elenco de Breakdown é pequeno, mas bastante funcional encabeçado por um sempre versátil Kurt Russell como o protagonista Jeff, Kathleen Quinlan  também versátil como Amy e o saudoso J. T. Walsh (1943-1998), figura tarimbada em vários filmes de sucesso e aqui interpreta o misterioso vilão "Red" Bar.

Jeff pegando uma carona forçada











 A produção assinada pelo lendário Dino De Laurentis (1919-2010) conta com uma bela fotografia retratada na região sudoeste dos Estados Unidos, e o local específico onde o carro de Jeff quebra é localizado próximo à cidade de Moab, no estado de Utah, região um tanto desértica onde mais de 400 filmes já haviam sido rodados 4 anos antes de Breakdown - segundo consta nos extras do DVD, em 12 semanas de filmagens a produção teve que fazer 17 mudanças ao longo de 500 milhas para concluir as cenas gravadas na estrada.

Mostow, Russell e Dino di Laurentis
  Breakdown fez um notório sucesso nos cinemas estadunidenses e apesar do modesto orçamento de US$ 36 milhões arrecadou surpreendentes US$ 50 milhões nas bilheterias de seu país; entretanto passou um tanto despercebido pelos cinemas brasileiros e foi pouco visto em home vídeo, mas foi reprisado várias vezes na Tv aberta. De qualquer forma o filme deixou sua marca na década de 90 e merece ser lembrado como o melhor thriller rodoviário desde o sufocante Encurralado (1971) ou o surpreendente A Morte Pede Carona (1986). Enfim, com psicóticos atrás do volante ou pedindo carona ou ainda sequestradores de viajantes, as estradas cinematográficas nunca mais foram as mesmas.

Trailer



Breakdown - Implacável Perseguição (1997)

Roteiro: Sam Montgomery, Jonathan Mostow

Direção: Jonathan Mostow

Elenco: Kurt Russel, Kathleen Quinlan, J. T. Walsh, M. C. Gainey, Jack Noseworthy, Moira Sinise, Rex Linn


sábado, 18 de janeiro de 2014

rota 66

A MORTE PEDE CARONA

Há 28 anos uma estrada tingida de sangue ganhava as telas do cinema


  "Há um assassino na estrada; Sua mente se contorce como um sapo; Tire umas férias longas; Deixe as crianças brincarem; Se você der uma carona para esse homem; As doces lembranças vão morrer"... a sinistra letra da música Riders on the Storm da banda The Doors foi a fonte de inspiração para o roteiro de A Morte pede Carona (The Hitcher, 1986) segundo Eric Red, roteirista do filme que é um dos maiores sucessos do cinema oitentista e hoje cultuado como um dos melhores thrillers de suspense já filmados. 
  Dirigido por Robert Harmon, um diretor que até hoje é desconhecido, porém talentoso e por sinal estreando seu primeiro longa metragem no cinema que custou cerca de US$ 6 milhões de dólares, orçamento modesto, mas suficiente para brilhar nas telas e arrecadar altas bilheterias na época. Pode-se dizer que Harmon teve sorte em sua estréia como diretor de cinema, pois na década do oitenta, logo após o surgimento do videocassete e da expansão da TV a cabo, o cinema perdera considerável parcela do público e a partir de então Hollywood daria mais prioridade à superproduções para atrair o público, algo semelhante ao que ocorre nos dias de hoje com a proliferação de downloads de filmes pela internet.

Robert Harmon orientando Hutger Hauer

  O roteiro segue a trajetória do jovem Jim Halsey interpretado por C. Thomas Howell, que está viajando pela rota 66 para a Califórnia a fim de negociar seu carro. Numa noite chuvosa ele dá carona a um homem estranho que está parado no meio da estrada e parece estar com o carro quebrado. O sujeito diz que se chama John Ryder e aceita carona até a cidade mais próxima. Entretanto seu olhar estranho e sua conversa desagradável deixa Halsey apreensivo e desconcentrado, e quando Ryder o ameaça com uma faca, num lance de muita sorte o jovem consegue atirar o estranho para fora do carro. Alguns quilômetros adiante Halsey terá absoluta certeza do quão louco é o misterioso caroneiro, que na verdade é um bandido que age apenas na estrada, pedindo carona à motoristas desavisados para logo em seguida matá-los e roubar seus pertences.













  Entretanto, o misterioso John Ryder é mais do que um criminoso das rodovias, é um psicótico sádico e cruel, e a interpretação do ator holandês Hutger Hauer, uma das melhores da história do cinema, não deixa dúvidas quanto à isso; o jovem Jim Halsey é vivido com intensidade por C. Thomas Howell que na época era visto como um possível candidato à astro, mas infelizmente ficou só na promessa, conseguindo apenas papéis em comédias adolescentes que infestavam as telas do cinema oitentista.





  Já a atriz Jennifer Jason Leigh que interpreta uma jovem garçonete que se envolve com Halsey e depois torna-se vítima de Ryder, teve uma carreira mais bem sucedida conseguindo papéis de destaque em filmes de variados gêneros como A Herdeira (1997), Estrada para a perdição (2002), entre outros.

  The Hitcher, além de ser um excelente suspense também se destaca pela ação em certos momentos da narrativa e especialmente no terceiro ato quando ocorre um jogo de gato e rato entre Halsey e John Ryder numa perseguição tensa e alucinante, suspense e ação na medida certa comprovando o talento de Robert Harmon que embora não tenha se tornado um cineasta requisitado conseguiu construir uma boa carreira com filmes interessantes chegando a dirigir o então astro Van Damme em 1993 no filme de sucesso Vencer ou Morrer (Nowhere to Run), e ainda voltou ao gênero rodoviário no filme Velozes e Mortais (Highwaymen, 2004).











  Enfim, A morte pede carona é um filme sem precedentes e tão envolvente quanto Encurralado. Chegou a ter uma sequência medíocre em 2003 com direção de Louis Morneau, com um Jim Halsey amadurecido e envelhecido ainda interpretado por C. Thomas Howell perseguindo um outro psicopata das estradas, mas... é uma estória um tanto descartável. Houve também uma boa refilmagem de The Hitcher em 2007, mas... o filme de Robert Harmon é mais do que suficiente para despertar o medo em qualquer viajante e fazê-lo pensar duas vezes antes de dar carona à qualquer estranho na estrada.

TRAILER





A morte pede carona (The Hitcher, 1986)

Roteiro: Eric Red

Direção: Robert Harmon

Elenco: Hutger Hauer, C. Thomas Howell, Jennifer Jason Leigh, Jefrrey Demunn


domingo, 12 de janeiro de 2014

rota fatal

ENCURRALADO

Há quatro décadas a mais tensa perseguição rodoviária ganhava as telas do cinema


 Em 1971 um jovem e desconhecido diretor chamado Steven Spielberg estreava em seu primeiro filme longa metragem produzido para a TV. O filme chamava-se Duel e trazia uma história bem simples e quase sem explicações, em que um homem chamado David Mann ao viajar de carro pelas estradas da Califórnia, de repente passa a ser perseguido por um caminhoneiro que parece disposto a esmagar o carro de David, embora nada justifique tal coisa, exceto talvez alguma provocação com um sinal de buzina durante uma ultrapassagem, coisas típicas de percurso de estrada, mas que podem se tornar o estopim para uma explosiva perseguição.

  O roteiro escrito por Richard Matheson e originalmente publicado como um conto para a revista Playboy resultou no filme televisivo de grande sucesso orçado em apenas US$ 450 mil, revelando o talento de Spielberg que já havia dirigido episódios de seriados de TV e algum tempo depois tornou-se o lendário cineasta que é hoje. No restante do mundo o filme foi exibido nos cinemas com grande sucesso, inclusive no Brasil, cujo título é Encurralado. 



 A estória simples que jamais revela o rosto do caminhoneiro perseguidor é uma das mais geniais já adaptadas para o cinema, pois a tensão extrema e o suspense perturbador são belamente construídos justamente pela ausência de explicações até o final trágico onde nada se explica. E a ótima interpretação de Dennis Weaver como David, é mais do que suficiente para o público acreditar no que é mostrado nas telas, como quando ele entra no bar, muito apreensivo, tentando encontrar o rosto de seu perseguidor nas feições de cada caminhoneiro que vê no balcão, um rosto que ele não faz idéia de como é e quando ele pensa tê-lo encontrado, o caminhoneiro fantasma já está a bordo do "monstro" sobre rodas, pronto para pegar estrada novamente.

  Encurralado pode ser considerado um divisor de águas para o subgênero de filmes rodoviários, pois ocasionalmente outros thrillers de suspense perturbador surgiriam anos mais tarde, como A morte pede carona (The Hitcher, 1986), grande sucesso de bilheteria estrelado por Hutger Hauer e C. Thomas Howell ; Breakdown - Implacável Perseguição (1997), sucesso estrelado por Kurt Russel, ou Perseguição - A estrada da morte (Joy Ride, 2001) com o saudoso Paul Walker (1973-2013) interpretando um jovem que junto com um amigo são perseguidos por um caminhoneiro psicótico num enredo um pouco parecido com Duel. 
  O isolamento dos longos e quase vazios percursos de rodovias desertas e a sensação crescente de fobia do frágil David (ou Davi) ao ser perseguido por um autêntico Golias representado pelo monstruoso caminhão tornam o cult Encurralado um filme obrigatório para todo fã de suspense e de perseguições cinematográficas e também para os fãs de Steven Spielberg que após essa obra inicial pegou uma estrada sem volta que o tornou um gênio do cinema.


  O ano de 2014 ainda esta no início embalado pelo ritmo de férias e de viagens. Para brindar o ano que se inicia, decidi começar com uma maratona sobre filmes rodoviários e resolvi começar por esta resenha do filme Encurralado. Pelos próximos dias falarei de mais filmes com histórias ambientadas em rodovias. Leitores, fiquem atentos para a próxima carona ;-)


Assista o filme aqui






ENCURRALADO (Duel,1971)

Direção: Steven Spielberg

Roteiro: Richard Matheson

Elenco: Dennis Weaver, Jacqueline Scott, Eddie Firestone, Charles Seel