segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

duplo golpe

A ASCENÇÃO DO DRAGÃO

No início da década de 70, Bruce Lee assinava seu nome na história do cinema



   Respectivamente em 1971 e 1972, Bruce Lee iniciava sua meteórica carreira nas telas do cinema exibindo suas notáveis habilidades que rapidamente o tornaram o primeiro astro internacional de artes marciais. O ator e mestre já era conhecido pelo seriado O Besouro Verde (The Green Hornet), exibido na TV norte-americana em 1966, o que lhe deu fama e destaque nas mídias da época. Antes de estrear em Hollywood no ano de 1973, o artista voltou para a China onde estrelou dois filmes de ação que o tornaram o maior astro do oriente: The Big Boss e Fists of Fury.



A brilhante estréia 

 Seu primeiro longa-metragem nas telas foi O Dragão Chinês (The Big Boss, 1971), dirigido e escrito por Lo Wei e foi um sucesso absoluto, conta-se que na época foi o filme de maior bilheteria de todos os tempos em Hong Kong e instantaneamente o jovem ator atingiu o estrelato em sua terra natal, tornando-se mais popular que o astros até então conhecidos. Na trama de The Big Boss, Lee interpreta Cheng Chao-an, um jovem chinês recém chegado em uma pequena cidade e que procura trabalho, hospedando-se na casa de seus primos que logo lhe arranjam emprego numa fábrica de gelo, local onde eles trabalham.
  Em pouco tempo, Cheng descobre que dentro dos bloco de gelo drogas são armazenadas e contrabandeadas secretamente, de modo que a fábrica de gelo é uma fachada para o tráfico de drogas, o que obviamente é mais lucrativo do que o gelo. Ao mesmo tempo ocorre uma série de desaparecimentos e e aos poucos Cheng descobre que os desaparecidos, na verdade foram mortos por descobrirem o tráfico de drogas, e entre os mortos está Hsiu Chien (James Tien), um de seus primos. Logo Cheng é perseguido pelos capangas do tráfico e terá de lutar ferozmente para sobreviver e ainda salvar Chow Mei (Maria Yi), sua prima que foi raptada pelo chefão do tráfico.


Cheng contra o senhor Hsiao Mi, o chefão do tráfico

  Também conta-se que a trama do filme é baseada na história real de um jovem que viveu na Tailândia entre a passagem do século XIX para o XX, e que lutou contra tiranos tornando-se uma lenda local, de modo que uma estátua foi erguida em sua homenagem em um jardim de Bangkok há mais de 80 anos.
  O filme tem um alto nível de violência e contém cenas um tanto fortes mesmo para a época de produção, e ainda teve cenas cortadas na edição final. Lee compõe coreografias que logo o tornariam um artista inigualável na época, distante de cenas fantasiosas das demais produções do cinema de Hong Kong. Ainda assim, o ator teve divergências com o diretor Lo Wei, pois Lee não queria cenas fantasiosas, embora teve que aceitar, como a cena em que ao socar um adversário que com o impacto atravessa uma parede de madeira, o buraco na parede tem o formato do contorno de seu corpo, como ocorre em desenhos animados. Porém, nada prejudicou ou impediu o desempenho do filme nas telas, tendo um sucesso estrondoso e sem precedentes no gênero de artes marciais.


O segundo sucesso

  Em 1972, o astro estreava seu próximo filme, A Fúria do Dragão (Fists of Fury), novamente dirigido e roteirizado por Lo Wei, porém com uma boa produção bem melhor que The Big Boss e também um elenco melhor contando novamente com a presença de James Tien e Nora Miao, além de outros conhecidos atores chineses. A trama se passa na década de 1930, quando a China estava sob ocupação do japoneses que subjugavam os chineses para fins de domínio político. O jovem Chen Zhen ao chegar de uma longa viagem, depara-se com o funeral de seu  mestre Ho Yuan-chia, morto de forma misteriosa, segundo rumores acometido por alguma doença.


  Chen Zhen, não acredita em tal teoria e nem seus amigos da escola de Kung-Fu também não acreditam em tal hipótese. Entretanto Zhen resolve investigar a fundo para descobrir o real motivo da morte do mestre Yuan-chia, que sempre fora um homem  forte e saudável, além de ter sido um grande lutador em sua juventude. Tomado de fúria Zhen parte para cima dos japoneses que logo experimentam a fúria de seus punhos, tal como diz o título cuja tradução é Punhos de Fúria.


  Nesta elaborada produção com grandes cenas de luta coreografadas pelo próprio Lee, o ator prova que além de sua conhecida habilidade marcial, também tinha certo talento para atuar, já que interpreta um homem muito amargurado na figura de Chen Zhen, obcecado por descobrir a verdade e vingar seu mestre, pois mesmo a justiça chinesa pode estar submetida ao domínio japonês, o que pode dificultar a vida dos discípulos do falecido mestre Yuan-chia.

  À medida que vai investigando e fazendo terríveis descobertas, Zhen deixa um rastro de sangue por onde passa, pois começa a matar aqueles que ele descobre estarem envolvidos com a morte de seu mestre e Zhen passa então a ser perseguido como criminoso pela polícia da cidade de Shangai.

  A exemplo de o Dragão ChinêsA Fúria do Dragão também foi um grande sucesso de bilheteria no Oriente, produzido pela Golden Harvest, a famosa produtora de filmes de luta de Hong Kong. Lançado também sob o título The Chinese Connection (A Conexão Chinesa), o filme tornou-se referência no gênero de modo que a cena em que Lee enfrenta vários oponentes em um dojo japonês foi homenageada em Lutar ou Morrer (Fist of Legend, 1994) e O Beijo do Dragão (Kiss of the Dragon, 2001), ambos interpretados por Jet Li.







Chen Zhen Vs Petrov
  Apesar da aparente boa parceria entre Lee e Lo Wei, após este filme o ator não quis mais trabalhar com Wei, pois assim como ocorreu no filme anterior (The Big Boss), em Fists of Fury também há algumas cenas distantes da realidade, o que não agradava Lee, pois o artista sempre buscava retratar realismo em suas coreografias, como pode ser visto posteriormente em O voo do Dragão (1972).
  Dentre os vários oponentes de Lee em A Fúria do Dragão, destaca-se num dos confrontos finais a luta entre Zhen e o lutador russo Petrov, interpretado por Robert Baker, campeão de Karatê e discípulo de Lee na vida real - conta-se que Baker era guarda costas do ator.



 Com um final tão chocante quanto The Big Boss, Fists of Fury surpreende até hoje e pode ser visto como uma obra atemporal, pois Lee deixou retratado em seus dois principais papéis não apenas um invencível lutador mas sobretudo personagens humanizados que numa dramática busca por justiça, provavam o sabor amargo da injustiça. Enfim, um clássico imortal e obrigatório para todas as gerações. (R.A.)

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