SOL VERMELHO
Era uma vez um pistoleiro que encontrou um samurai...
No início da agitada década de 70, mais precisamente no ano de 1971 estreava nas telas dos cinemas um dos faroestes mais exóticos da história do gênero: Sol Vermelho, título corretamente traduzido de seu nome original em inglês Red Sun. Dirigido por Terence Young, competente cineasta que na década de 60 comandou algumas das melhores aventuras da franquia 007, agora aventurava-se na direção de um western diferente e original com um elenco de grandes astros daquele período e a sequência de uma breve parceria com Charles Bronson, pois Young o havia dirigido um ano antes no ótimo Cold Sweat (1971) e voltaria a dirigi-lo em 1972 no desconhecido O segredo da Cosa Nostra.
Red Sun foi escrito por três roteiristas, Bart Petitclerc, Willian Roberts e Lawrence Roman embasados no livro de Laird Koenig. É um western estadunidense embora não pareça, pois sua composição com uma montagem um tanto simples e trazendo um elenco de atores europeus remete diretamente aos moldes dos típicos westerns italianos, os chamados spaghetti western - e mesmo que o filme fosse italiano seu elenco internacional é incomum para uma produção desse gênero ao reunir os talentos do astro francês Alain Delon, a musa sueca Ursula Andress e Toshiro Mifune, ator que se tornou mito do cinema japonês, embora fosse de origem chinesa.
Red Sun foi escrito por três roteiristas, Bart Petitclerc, Willian Roberts e Lawrence Roman embasados no livro de Laird Koenig. É um western estadunidense embora não pareça, pois sua composição com uma montagem um tanto simples e trazendo um elenco de atores europeus remete diretamente aos moldes dos típicos westerns italianos, os chamados spaghetti western - e mesmo que o filme fosse italiano seu elenco internacional é incomum para uma produção desse gênero ao reunir os talentos do astro francês Alain Delon, a musa sueca Ursula Andress e Toshiro Mifune, ator que se tornou mito do cinema japonês, embora fosse de origem chinesa.
O enredo de Sol Vermelho segue a trajetória de uma comitiva do embaixador do Japão que chega de viagem aos Estados Unidos no ano de 1860 para visitar o presidente a fim de lhe entregarem um presente do governo japonês como símbolo de bom entendimento entre ambas as nações - o tal presente é uma espada muito valiosa e os visitantes representam os últimos samurais do Japão antigo e ao cruzarem o território norte-americano numa viagem de trem logo nos 10 minutos iniciais, o trem é tomado de assalto por uma numerosa quadrilha de ladrões chefiada pelo francês Gauche interpretado por Delon e seu parceiro norte-americano Link, interpretado por Bronson.
Link é traído por Gauche que foge junto com a quadrilha deixando o parceiro para trás desacordado após a explosão de um vagão. Link é então acolhido pelos japoneses e o embaixador lhe propõe um acordo para que ele conduza seu samurai, Kuroda até o esconderijo da quadrilha a fim de que ele possa recuperar a valiosa espada e vingar a desonra que sofreram e não havendo outra saída, Link aceita o acordo pois terá a chance de recuperar a parte do dinheiro a que tem direito.
A inusitada união entre o pistoleiro e o samurai rende ótimos momentos de humor, pois Bronson interpreta um personagem muito falastrão e com ótimas sacadas de humor, pois várias vezes Link tenta fugir e deixar Kuroda para trás, mas o samurai além de ágil, é inteligente demais para ser enganado por um mero ladrão de trens. Além da ótima composição de Bronson, Toshiro Mifune tem um ótimo destaque ao interpretar o honrado Kuroda, afinal o astro consagrou-se no cinema japonês justamente pelos papéis de samurai na maioria dos filmes que estrelou. A devoção obstinada de Kuroda em cumprir a missão de recuperar a espada e vingar a honra de seus compatriotas chega a ser comovente, até porquê o guerreiro reconhece que está vivendo seus últimos dias de samurai, pois o Japão passa por profundas mudanças sociais e a era de seus nobres guerreiros caminhava para o fim.
O cruzamento entre western e aventura oriental é um interessante paralelo, pois a crítica especializada em cinema já fez várias comparações entre os gêneros de aventura do ocidente e do oriente e o modo como ambos os gêneros se influenciaram ao longo da década de 60, época do auge dessas produções. Só para citar um exemplo, sabe-se que a maravilhosa Trilogia dos dólares (Por uns dólares a mais, Por um punhado de dólares, Três homens em conflito) dirigida por Sergio Leone é claramente uma refilmagem não oficial de Yojimbo (1961), obra prima do cineasta Akira Kurosawa e estrelada por Toshiro Mifune.
Além das ótimas atuações de Bronson e Mifune, o galã francês Alain Delon encarna o arrogante vilão Gauche expressando incrível falsidade em seu olhar que demonstra o quanto ele é de fato traiçoeiro. E para o deleite do público masculino a linda atriz sueca Ursula Andress empresta seu talento e sensualidade à personagem Cristina, amante de Gauche e tal como ele, igualmente traiçoeira. Enfim, motivos não faltam para ver ou rever Sol Vermelho e muito mais detalhes poderiam ser revelados nesta simples resenha para descrever o quanto essa película é valiosa para o gênero western, bem como para o gênero de aventura oriental. Afinal, tanto o samurai quanto o pistoleiro cavalgam sob os raios do mesmo sol.
Sol Vermelho - Red Sun, 1971
Link é traído por Gauche que foge junto com a quadrilha deixando o parceiro para trás desacordado após a explosão de um vagão. Link é então acolhido pelos japoneses e o embaixador lhe propõe um acordo para que ele conduza seu samurai, Kuroda até o esconderijo da quadrilha a fim de que ele possa recuperar a valiosa espada e vingar a desonra que sofreram e não havendo outra saída, Link aceita o acordo pois terá a chance de recuperar a parte do dinheiro a que tem direito.
A inusitada união entre o pistoleiro e o samurai rende ótimos momentos de humor, pois Bronson interpreta um personagem muito falastrão e com ótimas sacadas de humor, pois várias vezes Link tenta fugir e deixar Kuroda para trás, mas o samurai além de ágil, é inteligente demais para ser enganado por um mero ladrão de trens. Além da ótima composição de Bronson, Toshiro Mifune tem um ótimo destaque ao interpretar o honrado Kuroda, afinal o astro consagrou-se no cinema japonês justamente pelos papéis de samurai na maioria dos filmes que estrelou. A devoção obstinada de Kuroda em cumprir a missão de recuperar a espada e vingar a honra de seus compatriotas chega a ser comovente, até porquê o guerreiro reconhece que está vivendo seus últimos dias de samurai, pois o Japão passa por profundas mudanças sociais e a era de seus nobres guerreiros caminhava para o fim.
O cruzamento entre western e aventura oriental é um interessante paralelo, pois a crítica especializada em cinema já fez várias comparações entre os gêneros de aventura do ocidente e do oriente e o modo como ambos os gêneros se influenciaram ao longo da década de 60, época do auge dessas produções. Só para citar um exemplo, sabe-se que a maravilhosa Trilogia dos dólares (Por uns dólares a mais, Por um punhado de dólares, Três homens em conflito) dirigida por Sergio Leone é claramente uma refilmagem não oficial de Yojimbo (1961), obra prima do cineasta Akira Kurosawa e estrelada por Toshiro Mifune.
Além das ótimas atuações de Bronson e Mifune, o galã francês Alain Delon encarna o arrogante vilão Gauche expressando incrível falsidade em seu olhar que demonstra o quanto ele é de fato traiçoeiro. E para o deleite do público masculino a linda atriz sueca Ursula Andress empresta seu talento e sensualidade à personagem Cristina, amante de Gauche e tal como ele, igualmente traiçoeira. Enfim, motivos não faltam para ver ou rever Sol Vermelho e muito mais detalhes poderiam ser revelados nesta simples resenha para descrever o quanto essa película é valiosa para o gênero western, bem como para o gênero de aventura oriental. Afinal, tanto o samurai quanto o pistoleiro cavalgam sob os raios do mesmo sol.
TRAILER
Direção: Terence Young
Roteiro: Bart Petitclerc, Willian Roberts e Lawrence Roman
Elenco: Charles Bronson, Alain Delon, Toshiro Mifune, Ursula Andress