segunda-feira, 15 de junho de 2015

jornada final

MAD MAX - ALÉM DA CÚPULA DO TROVÃO

Em 1985 a saga do guerreiro das estradas chegava ao final



 O futuro caótico criado por George Miller nos dois filmes anteriores ganha forma definitiva em Mad Max - Beyond Thunder dome (1985) de modo que a civilização regrediu totalmente à um estado de barbarismo conforme fora mostrado no filme anterior e nesse terceiro capítulo já não existe mais o asfalto que ainda podia ser visto no segundo filme. Agora é só deserto e um horizonte de incertezas vislumbrado por Max que caminha à pé na vastidão poeirenta e arenosa de um mundo completamente desolado e aparentemente desabitado.
  Em sua longa caminhada Max Rockatansky chega à uma cidade chamada Bartertown, localizada em um ponto qualquer do infinito deserto e muito bem estruturada para dar algum conforto à seus habitantes. A tal cidade é comandada por uma imponente mulher chamada tia Entity, muito bem interpretada pela cantora Tina Turner que revela-se uma boa atriz e além de exibir um corpo escultural, seu charme já conhecido dos palcos enriquece sua personagem que na verdade é a vilã da estória, além de assinar a música tema We don´t need another hero.


  Ao chegar à Bartertown, Max faz questão de conhecer a líder da cidade e consegue, embora com certa persuasão. Entity, ao perceber a força e agilidade do estranho visitante, resolve confiar-lhe uma missão que parece não ser muito difícil para um sujeito tão destemido como ele - terá de aceitar um combate em uma arena fechada conhecida como cúpula do trovão, que por sinal dá o título ao filme embora não seja algo tão relevante assim no decorrer da trama. O combate é até a morte, mas no final da luta Max recusa-se a matar o adversário ao descobrir que este é um deficiente mental e portanto tem a mentalidade de uma criança apesar de ser um homem alto e bem mais forte.


  Desobedecendo as regras, Max perde qualquer privilégio que teria se matasse o rival, então pelas leis de Entity, o destino de Rockatansky será decidido no giro de uma roleta metálica que contém varias alternativas e assim a opção da roleta para o forasteiro é a expulsão.
  A produção orçada em US$ 12 milhões, ou seja bem mais que o dobro da anterior, traz novamente a genialidade característica de Miller que neste filme consegue fazer o retrato mais distópico possível daquilo que foi proposto nos dois primeiros longas, ou seja, se nos dois primeiros capítulos o argumento central era a disputa pelo combustível, em Beyond Thunder dome não existe mais o combustível derivado do petróleo, de modo que a evoluída cidade de Bartertown tem sua energia elétrica e combustível totalmente derivada de fezes de porco - algo engenhoso e simplesmente genial já que se no futuro não houver mais combustível fóssil, a melhor fonte de energia seria mesmo escrementos de suíno, que são uma riquíssima fonte de energia capaz de gerar combustível e eletricidade.
  A usina de suínos é mantida por trabalho escravo, pois tia Entity sendo uma uma espécie de tirana, obviamente não contrata trabalhadores, mas utiliza minorias para manter o funcionamento de sua cidade. Se Max tivesse matado o adversário na luta conforme o acordo, ele seria o novo feitor para coordenar e monitorar os trabalhadores da usina.
  Depois de ser expulso de Bartertown para o deserto, Max fica vagando por algum tempo de mãos amarradas e sentado no lombo de um cavalo, sem água e nem comida, abandonado para morrer, até que surge a última esperança quando ele é resgatado por um garoto que o leva para uma espécie de tribo de "índios" brancos (??). Minorias da extinta civilização, esses indígenas brancos extremamente jovens, em sua maioria crianças, creêm que Max seja um salvador de uma profecia, do qual eles aguardam para serem resgatados e levados para grandes e confortáveis cidades que acreditam ainda existir.

  No terceiro ato da trama contando com a ajuda dos "índios" brancos, Max retorna à Bartertown e secretamente invade a usina durante uma madrugada para libertar alguns trabalhadores escravos, talvez numa forma de retaliação à Entity ou apenas libertar prisioneiros que são mantidos ali de forma injusta. E como não poderia deixar de ser em relação aos filmes anteriores, a ação não deixa nada desejar e nos momentos finais ocorre uma longa e feroz perseguição pelo deserto empoeirado, pois Entity reúne seus guerreiros e parte para a caçada atrás de Max e dos prisioneiros. A perseguição não deixa muito a desejar ao segundo filme e a frota de carros completamente sucateados toma conta da tela do cinema com direito a um caminhão que se move sobre uma estrada de ferro com as rodas adaptadas aos trilhos.


  Mesmo com toda a engenhosidade do roteiro escrito por George Miller e Terry Hayes, Cúpula do trovão não tornou-se muito popular entre os fãs da franquia e muitos consideram o mais fraco da trilogia. Contudo, é um filme imperdível, afinal, a genialidade de Miller somada ao talentos de Mel Gibson e demais atores, a presença estonteante de Tina Turner e a trilha sonora assinada pelo grande músico francês Maurice Jarre não poderiam resultar de maneira alguma em um filme ruim. Assim, há 30 anos a saga do guerreiro das estradas encerrava-se de maneira digna e satisfatória, e a visão de mundo pós-apocalíptico nas telas do cinema jamais seria a mesma. (R.A)

Clipe de Tina Turner




TRAILER





Mad Max - Além da cúpula do trovão (Mad Max - Beyond thunderdome, 1985)

Roteiro: Terry Hayes, George Miller

Direção:George Miller

Elenco: Mel Gibson, Tina Turner, Bruce Spence, Adam Cockburn, Frank Thring, Robert Grubb








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