Filme japonês de 2011 retrata ação de samurais no final do período feudal
No Japão de 1844, próximo do final do período feudal, cerca de 20 anos antes de o Japão entrar na era contemporânea chamada de Meiji, o filme Os 13 Assassinos (Jûsan-nin no Shikaku, 2011) narra a corajosa história de treze guerreiros que se unem e partem numa arriscada missão suicida na tentativa talvez desesperada de fazerem justiça contra crimes bárbaros cometidos pelo cruel Lorde Naritsugu, meio irmão do Xogum, portanto de origem nobre, mas um tirano sem nenhum escrúpulo que estrupa e mutila uma mulher indefesa e mata cruelmente qualquer um que cruze seu caminho.
Dirigido por Takashi Miike e roteirizado por Daisuke Tengan e Kaneo Ikegami, como tantos épicos japoneses o filme faz um belo e fiel retrato da época dos samurais, mas com a diferença de anunciar o fim da era dos bravos guerreiros que segundo a narrativa praticamente já não atuavam mais, como diz um personagem em certo momento "hoje em dia espadas só servem para cortar rabanete". Outro detalhe importante nesse contexto é que a pólvora já vinha sendo bastante utilizada e obviamente logo surgiriam armas de fogo no Japão, embora nenhuma apareça na narrativa, mas enfim, o tempo dos samurais já se aproximava do final.
Contudo a honra, principal atributo do samurai é algo que jamais será ultrapassado, sendo este o fio condutor que leva o guerreiro a lutar por uma causa e a morrer pela mesma se for preciso. Shinzaemon Shimada, um maduro e experiente samurai interpretado por Kôji Yakusho, comove-se ao ver mulher, nora de um amigo seu e que fora violentada e mutilada por lorde Naritsugu (Gorô Inagaki), uma vida semi destruída e que possivelmente jamais reecontraria felicidade, pois o marido da moça fora morto cruelmente pelo tirano. Tal atrocidade, bem como como outras cometidas não poderiam ser ignoradas e a justiça tinha que ser feita a qualquer custo.
Shinzaemon em combate
Movido pelo senso de honra, Shinzaemon tomara a decisão de reunir o maior número possível de guerreiros, no caso 13, para partir numa arriscada missão para encontrar lorde Naritsugu e aplicar-lhe a devida punição antes que o lorde chegasse aos domínios de sua província, pois junto de sua comitiva ele estava voltando para o seu reino após ter cometido os horrendos crimes.
Lorde Naritsugu e seus soldados
Treze assassinos não chega a ser uma obra original já que trata-se de uma refilmagem sendo o original de 1963, além de guardar certas semelhanças com Os Sete Samurais (1954), clássico de Akira Kurosawa. Tal semelhança se deve não apenas pela formação de um grupo em busca de justiça, mas também pela ótima batalha final contra os soldados do lorde, que ocorre em uma vila transformada numa espécie de forte. Entretanto a batalha que Miike aqui retrata é bem mais empolgante ao mostrar toda a estratégia dos 13 guerreiros em montar armadilhas e planejar emboscadas nos becos da vila a fim de abater quantos adversários puderem, já que estes são em maior número.
Os 13 aguardando o exército de Naritsugu
Ação e drama mesclados em uma narrativa épica do melhor modo que o cinema japonês sabe fazer em seus contos de samurai, algo que também se assemelha aos grandes westerns hollywoodianos com tantas narrativas sobre lendários pistoleiros. A obra de Miike sustenta-se em sua cuidadosa direção sem apelar demais para efeitos visuais e ótima escalação de elenco. Os 13 Assassinos foi lançado em alguns cinemas brasileiros em meados de 2012 e ganhou certa popularidade por meio de downloads ilegais. Ainda em 2011, o cineasta também comandou o excelente Hara-Kiri: Death of Samurai, outro conto sobre os guerreiros da terra do sol nascente. Mas isto é um assunto para um outro post. Ambos podem ser apreciados em Dvd e Blu-Ray ou pelo Netflix. (R.A.)
TRAILER
Os 13 Assassinos (Thirteen Assassins, Japão Inglaterra, 2011)
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