terça-feira, 25 de janeiro de 2011

dossiê: anos 90



Ação anos

90





Novas frentes de batalha
O cinema de ação moderno tem suas raízes na década de oitenta. Conceitos e atributos que moldaram as personagens de ação conforme conhecemos hoje originaram-se de idéias surgidas naquela época divertida e criativa e perduraram até o final da década. Mas os anos 90 não foram tão diferentes assim, de modo que inicialmente o gênero ganhou novos contornos e passou a ser encenado por atores que incorporaram novas performances ao moderno cinema-testosterona, o que enriqueceu ainda mais a cultura pop do cinema físico.
 Schwarzenegger e Stallone continuaram como grandes astros e ícones físicos. A década abria-se com o sucesso estrondoso de Exterminador do futuro 2 – O Julgamento Final (Terminator 2 – The Judgement Day) de 1991, super produção mais uma vez comandada por James Cameron revolucionado o conceito de efeitos visuais de modo que Terminator 2 foi naquela época, o filme mais caro de todos os tempos.

 

  A partir de 1993, Stallone começava a estrelar filmes que modificaram seu perfil nas telas – o astro de Rambo e Rocky investia em novos conceitos de modo que atuou pela primeira vez uma aventura de ficção cientifica, O Demolidor (Demolition Man, 1993) e também apostou em personagens mais humanos e menos brutais, como nos filmes Risco Total (Cliffhanger, 1993) em que interpreta um alpinista ou no excelente DayLight (Daylight, 1996), no qual ele vive um ex chefe de serviços médicos que luta pela sobrevivência ao lado de um grupo de pessoas aprisionadas dentro de um túnel rodoviário, sob a ótima direção de Rob Cohen.

 Em 1994, Cameron e Schwarzenegger surpreendiam novamente público e crítica num dos filmes mais fantásticos da década, True Lies, uma óbvia homenagem aos filmes espetaculares da década anterior e uma sátira ao gênero.
 É inevitável lembrar que Stallone experimentou o fracasso e a total decadência por sua atuação em Cop Land (Cop Land) que ele estrelou em 1997 e mesmo sendo um excelente drama/policial, a queda de Stallone foi inevitável e ele jamais voltou ao topo de astro.

 

  Mas a ação dos anos 90 não ficou só por conta de musculosos. As artes marciais ganharam novos contornos nas perfomances de dois artistas marciais surgidos nas telas pouco antes do final da década de 80, o belga Jean Claude Van Damme e o norte americano Steven Seagal, afinal a carreira de Chuck Norris já não engrenava mais nas telas do cinema e um de seus últimos filmes lançado no ínicio da década, Comando Delta 2 – A Conexão Colombia (Delta Force 2, The Colombian Conection, 1990), não emplacou tanto nas bilheterias mesmo sendo uma ótima produção e posteriormente seus filmes passaram a ser lançados direto para o mercado de vídeo, bem como os filmes de Dolph Lundgren cujas produções tornaram-se mais conhecidas no formato VHS.
  Em 1992, Norris resolveu presentar os fãs com um filme de despedida de sua carreira cinematográfica, Unidos Para Vencer (Sidekicks), sob a direção de seu irmão Aaron Norris, que também dirigiu Comando Delta 2, Sidekicks conta a história de um garoto interpretado por Jonathan Brandis, praticante de artes marciais que sonha em conhecer seu maior ídolo, o próprio Chuck Norris. 



 
  
 Em contrapartida, Van Damme invadiu as telas em meio a chutes e socos em belas coreografias que popularizaram o kickboxing, um estilo marcial que tornou-se modismo até meados da década, e admirado nas telas por filmes como Kickboxer – o desafio do dragão (Kickboxer, 1989). O belga estrelou várias aventuras para todos os gostos, desde ficção científica em Soldado Universal (Universal Soldier, 1992), drama/ação em Vencer ou Morrer (Nowhere to Run, 1993) ou policial em Risco Máximo (Maximum Risk, 1996). Mas o momento máximo da carreira do astro foi em 1993, quando Van Damme estrelou O Alvo (Hard Target), dirigido por John Woo, o mestre chinês da ação.
 

Van Damme e o diretor John Woo


     









 Steven Seagal conquistou milhares de fãs pelo mundo torcendo pulsos, quebrando braços e encenando tiroteios com um certo realismo. O mestre do Aikido e especialista em armas de fogo, deixou sua marca em Hollywood em filmes de ação policial como Difícil de Matar (Hard to Kill, 1990), Marcado para a morte (Marked for death, 1990), Fúria Mortal (Out for Justice, 1991) ou Em Terreno Selvagem (On Deadly Ground, 1994), tendo alcançado o estrelato com A Força em Alerta (Under Siege, 1992), o maior sucesso de sua carreira que posteriormente teve uma sequência, A Força em Alerta 2 (Under Siege 2: Dark Territory), porém sem muito sucesso.


 













Ação Oriental

  Ainda no início da década de 90 o cinema de ação chinês começava a despontar nas telas do ocidente. Histórias de ação policial com tramas inteligentes e violência extrema conquistavam cada vez mais fãs fora do oriente, especialmente o público que frequentava video-locadoras. Filmes como Fervura Máxima (Hard Boiled, 1992), O Matador (The Killer, 1990) e Zona de Assassinos (Peace Hotel, 1995) dirigidos pelo cineasta John Woo e estrelados por Chow Yun Fat, tornaram o cinema físico do oriente cada vez mais conhecido pelo mundo afora e despertou o interesse de Hollywood em contratar diretores asiáticos.

 

John Woo
  Reza a lenda que executivos de Hollywood após assistirem The Killer e Fervura Máxima, decidiram contratar John Woo para dirigir O Alvo, estrelado por Jean Claude Van Damme - daí em diante, o mestre chinês da ação migrou para os estúdios de Hollywood e ao longo da década de 90 até o início dos anos 2000, ele teve uma trajetória bem sucedida nos cinemas ocidentais, dirigindo astros de primeira linha como John Travolta e Nicolas Cage em produções blockbusters como A Última Ameaça (Broken Arrow, 1996) e A Outra Face (Face Off, 1997). John Woo também dirigiu Dolph Lundgren num interessante filme chamado Black Jack (Black Jack, 1998).  


Novos Tempos

 Por volta da segunda metade dos anos 90 o cinema físico aperfeiçoou a estética e novos conceitos surgiram. Como em alguns exemplos àcima citados, atores de maior densidade dramática começaram a despontar no gênero - a figura clássica do herói quase indestrutível começava a mudar e nas performances de atores mais talentosos, os heróis ganharam contornos mais humanos e um perfil mais realista, o que depertou a atenção da crítica especializada e principalmente do público que não aprecia o cinema físico, algo semelhante ao que ocorreu na década de oitenta, com a diferença de que naquela época o gênero de ação ganhou contornos mais cômicos.  

  No ano de 1995, Mel Gibson faturava os oscar de direção e melhor filme com o maravilhoso épico Coração Valente (Braveheart) que elevou ainda mais seu status de astro e ajudou a definir sua futura carreira de cineasta. Dois anos antes, em 1993 Harrison Ford estrelava o excelente O Fugitivo (The Fugitive) que faturou o oscar de ator coadjuvante para Tomy Lee Jones e também indicado para as categorias de melhor filme, roteiro, fotografia, efeitos sonoros, edição, trilha sonora e som - fatos que comprovam o potencial artístico do gênero de cinema físico.  
 O resultado disso não foi muito positivo para ícones truculentos como Schwarzenegger e Stallone, de modo que seus filmes ganhavam cada vez menos atenção e mesmo o público ávido por ação passou a admirar o novo formato no qual se desdobrava o cinema físico. De forma inusitada atores amados pela crítica despontavam em produções de ação como por exemplo Sean Connery, que num passado remoto foi um ícone do gênero por ter interpretado 007, mas nos 90 o lendário astro surpreende público e crítica ao estrelar um filme de ação, mesmo tendo mais de sessenta anos de idade - a produção A Rocha (The Rock, 1996) foi um grande sucesso de bilheteria e trazia no elenco os também astros Nicolas Cage e Ed Harris e a direção de Michael Bay. Igualmente surpreendente foi ver o grandioso Anthony Hopkins numa explosiva produção de aventura, A Máscara do Zorro (The Mask of Zorro, 1998) ao lado de Antonio Bandeiras e da musa Catherine Zeta Jones, recriando a lenda do clássico herói mascarado, e claro que foi sucesso absoluto de bilheteria.



Outros filmes que marcaram a década...

  Além de altamente prolífica, a década de 1990 foi extensa em seu acervo de filmes, especialmente em se tratando do cinema físico. É dificil e até impossível analisar todos os filmes neste mero artigo, mas os títulos mais relevantes certamente são citados aqui, de modo que o leitor terá uma visão geral sobre o cinema de ação dos anos 90. 


  O lendário gênero Western ressurgiu nas telas depois de muitos anos de "extinção" - o responsável por esta façanha não poderia ser ninguém menos do que o mito Clint Eastwood, o eterno cowboy durão do cinema "ressuscitou" literalmente um gênero que estava morto em Hollywood e Os Imperdoáveis (The Unforgiven, 1992) ainda faturou premios Oscar de melhor filme, diretor para Eastwood e ator coadjuvante para Gene Hackmann. No mesmo ano o diretor Michael Mann comandou uma aventura dramática também pertencente ao gênero western, O Último dos Moicanos (The Last of the Moicans, 1992).
  Dentre vários títulos de extremo sucesso convém lembrar honradamente, o retorno triunfal do agente James Bond no filme 007 Contra Goldeneye (Goldeneye) no ano de 1995. O maior espião de todos os tempos estava há 6 anos distante das telas de cinema e Goldeneye surpreendeu tornando-se o filme mais rentável da série com Pierce Brosnan no papel do agente que alçou sua carreira ao estrelato. Nos anos de 1997 e 1999 respectivamente, o espião inglês teve mais duas aventuras de muito sucesso, O Amanhã Nunca Morre (Tomorrow Never Dies, 1997) e O Mundo não é o Bastante (The World Is Not Enough, 1999).



  Bruce Willis que a exemplo de Schwarzenegger e Stallone é também um ícone do cinema-testorena, estrelou as duas sequências Duro de Matar 2 (Die Hard, 1990) e Duro de Matar 3 - A vingança (Die Hard 3, 1995), consolidando a franquia Duro de Matar como uma das melhores da recente história do cinema. Antes de Teminator 2, Schwarzenegger estrelou uma aventura/sci-fi de sucesso, hoje lembrada como cult - O Vingador do Futuro (Total Recall, 1990) baseada em conto de Philip K. Dick.

   A década de noventa não foi feita só de avanços e glórias para todos artistas. E uma das vítimas de um desmerecido fracasso foi o superastro Kevin Costner, que viveu dois momentos extremos em sua carreira - agraciado pelo tremendo sucesso de Robin Hood, O Príncipe dos Ladrões (Robin Hood, Prince of Thieves, 1991), provavelmente ele sequer imaginou que provaria o gosto amargo do fracasso quatro anos mais tarde ao estrelar WaterWorld, O Segredo das Águas (WaterWorld, 1995), uma éspecie de "Mad Max marítimo" e por sinal um ótimo filme e na época considerada a produção mais cara da história do cinema. Enfim, um fracasso injusto para um ator talentoso e até então rentável para a indústria do cinema.
  O sucesso absoluto de O Fugitivo gerou uma sequência interessante, U.S. Marshals, Os Federais (U.S. Marshals, 1997) e o personagem de Tommy Lee Jones torna-se protagonista desta aventura também estrelada por Wesley Snipes e Robert Downey Junior. Snipes estava em alta e em 1998 estreou uma adaptação de quadrinhos, Blade - O Caçador de Vampiros (Blade), oficialmente a primeira adaptação da Marvel Comics para os cinemas e o maior sucesso da carreira do ex-astro Wesley Snipes.
   No final da década e praticamente final do século XX, Hollywood jogou uma última cartada para finalizar os anos 90 com base nos temores que a população mundial tinha até então sobre o fim do mundo, embasado em supostas crendices religiosas. Schwarzenegger depois de um longo período de descanso e com popularidade muito em baixa, tentava uma nova empreitada em uma aventura recheada de elementos sobrenaturais - Fim Dos Dias (End Of Days, 1999) apresentava Schwarzie como um policial deprimido e amargurado tendo que enfrentar o apocalipse que se aproximava com a chegada do fim do milênio. Enquanto isso, Mel Gibson sempre em alta, também fechava a década com o filme O Troco (Payback, 1999). 
  A exemplo da década de oitenta, os anos 90 foram igualmente produtivos para os filmes de entretenimento e ambas as décadas se completam, pois o cinema dos anos 90 aperfeiçou o gênero popularizado na década anterior não só em aspéctos técnicos mas também artísticos e assim o cinema físico tornou-se cada vez mais "forte e robusto" para os fãs e mais ainda para a Cultura Pop.
 








 






5 comentários:

  1. Primeiro quero te parabenizar sobre as postagens do seu blog e em seguida posatr uma curiosidade sbre o primeiro filme do BLADE, a filha do lendário Bruce Lee, Sannon Lee, fez uma ponta no começo do filme como um membro da equipe médica que cuida da mãe do Blade.
    Não sei se ajuda, mas já é alguma coisa.
    Abração!!!

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  2. Valeu, Thomas, é uma honra receber comentários. Essa informação é valiosa pra mim sim, e isso será observado quando eu fizer um artigo sobre Blade. Quero muito receber sugestões dos fãs e será grande alegria receber seguidores para o blog, pois ele foi feito para vocês!! Grande Abraço!!

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  3. Roberto, dê uma conferida no filme, é logo no começo, não sei se pra você vai ser díficil de indentifia - la, mas ela está lá, qualquer coisa pesquise mais sobre o filme.

    Gstaria de pedir um favor, gostaria de uma resenha de um filme da década de 80 chamado A APARIÇÃO, com Charlie Sheen que costumava passar muito na Sessão Cinema em Casa do SBT.

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  4. ola tudo bem? rsrs

    ficou muito bom estaanalise e a seleçao de filmes.
    Aqui tem varios filmes que eu gosto demais++++ !!!, como por exemplo Coraçao Valente, Robin Hood, Zorro, a Outra Face, 007 etc. mas tem tambem filmes que nao gosto muito, mas d qq forma, otimo apanhado e otima analise, continue assim!!

    Vania Alves
    Sua irma!!

    bjs

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  5. Minha infância foi na década de 90, lembro de muito desses filmes, epoca boa... parabéns pelo post ficou muito bem escrito e completo!

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